Título: Represálias a americano por 'castigo divino'
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/01/2006, Internacional, p. A9

A Casa Branca criticou duramente o evangélico Pat Robertson, um dos mais ardorosos aliados do presidente George Bush, que fez comentários ofensivos contra o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon. O cristão conservador sugeriu que o derrame do premier é um castigo divino pela retirada dos assentamentos judeus da Faixa de Gaza.

Trent Duffy, porta-voz do governo americano, classificou as afirmações de ''totalmente inapropriadas e ofensivas''. As declarações do evangélico também foram condenadas por organizações judaicas dos Estados Unidos, além de democratas e republicanos.

No seu programa de terça-feira, ''The 700 Club'', Robertson afirmou que ''Deus considera essa terra (Faixa de Gaza) dele. Você lê a Bíblia e Ele diz 'essa é minha terra', e para qualquer primeiro-ministro de Israel que decide jogar ela fora, Deus diz 'não, isso é meu''.

O apresentador disse estar triste por ver Sharon debilitado, mas também afirmou que, na Bíblia, o profeta Joel ''deixa claro que Deus tem inimizade contra quem divide Sua terra''.

O embaixador israelense nos Estados Unidos, Daniel Ayalon, por sua vez, afirmou que os ''terríveis comentários'' não eram esperados de um ''de nossos amigos''. Ele comparou as declarações de Robertson às do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que na quinta-feira desejou a morte de Sharon.

Já o reverendo Barry Lynn, diretor do grupo Americanos Unidos para a Separação da Igreja e do Estado, disse que ''Pat Robertson tem uma agenda política para o mundo todo, e parece pensar que Deus está pronto para acabar com qualquer líder no caminho dessa agenda''.

Em agosto, o showman sugeriu que os agentes americanos matassem o presidente venezuelano, Hugo Chávez, crítico de Washington.

A assessora de Robertson, Angell Watts, alegou que ''essas são as palavras de Deus'' e que não são ''novidades para a comunidade cristã''.