Título: Exame aprimora detecção do câncer
Autor: Claudia Bojunga
Fonte: Jornal do Brasil, 10/01/2006, Saúde & Ciência, p. A8

Procedimento com ultra-sonografia ajuda a prever se irá ocorrer metástase no aparelho digestivo

Exames modernos na área de gastroenterologia - que envolvem problemas, por exemplo, na boca, esôfago e estômago - possibilitam um diagnóstico mais preciso em doenças, desde as relativamente simples e mais comuns, como prisão de ventre, até males muito graves como câncer.

A ecoendoscopia, por exemplo, é um tipo de endoscopia digestiva ( em que um tubo com uma câmera na ponta é introduzido pela boca ) que também possui um aparelho de ultra-sonografia na extremidade. Segundo o gastroenterologista Jósé Galvão Alves, o grande benefício do procedimento é a possibilidade de se identificar a proliferação no organismo de tumores no esôfago, estômago, reto e pâncreas. Diferentemente da endoscopia simples, através desse procedimento o médico consegue enxergar os órgãos por dentro como se estes não tivessem paredes. Ou seja, é possível ter uma visão de todo o entorno do local onde o câncer foi localizado.

- Em um câncer no esôfago é possível verificar se há gânglios em volta do tumor para ver se se estendeu e pode ocorrer a metástase - explica o especialista, que está organizando a XVI Jornada de Gastroenterologia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. O evento, direcionado aos profissionais da área, será realizado entre os dias 6 e 8 de abril.

O exame, que também serve para identificar cálculos na vesícula, custa cerca de R$ 3.500, mas segundo Galvão, atualmente vários plano de saúde já cobrem seus custos.

Como a endoscopia não chega ao intestino delgado - onde são absorvidos os nutrientes dos alimentos na digestão - através de um exame em que se ingere uma cápsula que tira fotos (ver explicação no box), é possível chegar ao órgão para identificar doenças como a de Crohn, em que ocorre uma inflamação que atinge a boca até o ânus.

Para um problema extremamente comum como a prisão de ventre - que atinge de 10% a 20% da população mundial, um procedimento, denominado tempo de trânsito colônico, permite saber exatamente o grau do mal no organismo do paciente (ver explicação no box). Já que existem dois tipos de constipação intestinal. A funcional, em que não há nenhuma alteração anatômica no intestino para que o problema ocorra. Esta, a mais comum, corresponde a 65% dos casos, e o indivíduo fica, em média, dois dias sem ir ao banheiro. Para combatê-la, ensina o médico, basta comer muita fruta e folhas, alimentos ricos em fibra, ter uma hidratação adequada e praticar exercício físico.

Quando o indivíduo, mesmo seguindo todas as recomendações continua sem conseguir evacuar regularmente, ele tem uma prisão de ventre que é necessário buscar a causa do problema para a realização de um tratamento médico. A parcela desses pacientes - que correspondem a 35% - tem um mal que pode, normalmente, ser atribuído a ingestão de determinados medicamentos, como analgésicos e antidepressivos; a hormônios e até a câncer de intestino. Há também a inércia colônica, em que o órgão do indivíduo não faz as contrações que permitem a evacuação das fezes.

- A pessoa pode ficar até 21 dias sem ir ao banheiro - observa Galvão.

Algumas vezes, é necessário até operar para retirar a parte que não está funcionando. Por isso, o especialista aconselha a quem não conseguir solucionar a prisão de ventre, procurar um gastroenterologista. Em geral, o perfil de pacientes que mais sofrem com a constipação são mulheres entre 15 e 40 anos.