Título: Caça científica esconde uso comercial
Autor: Marcelo Ambrosio
Fonte: Jornal do Brasil, 10/01/2006, Internacional, p. A6
A justificativa usada pela frota japonesa para matar, só este ano, 935 baleias da espécie minke e 10 exemplares da espécie, e a de que a matança é necessária ''para fins científicos''. Há anos se sabe, no entanto, que esse é apenas um subterfúgio para esconde a pesca comercial. A flotilha de cinco barcos caçada pelos ambientalistas inclui um grande navio-fábrica, o Nissin Maru , que recolhe os animais arpoados pelos baleeiros e processa a carne, limpando, separando e ensacando. Quando o cargueiro se reúne ao grupo, o carregamento troca de porões e é então despachado diretamente para os supermercados de Tóquio. A única ciência envolvida no processo é a de matar, aprimorada com o uso de arpões com menos explosivos, que matam sem destruir a carne.
Apesar das pressões, o Japão é irredutível. E tenta, anualmente, derrubar o veto à caça das baleias para aumentar a cota permitida. A estratégia inclui a cooptação de países que não figuram entre os que possuem interesse no cetáceo com o uso de generosos financiamentos governamentais.
A tática de Watson é impedir não só que os animais sejam mortos, mas também que a carga possa ser transferida. Assim, por falta de espaço, o navio-mãe é obrigado a parar o processamento.
- Tenho certeza de que estamos conseguindo impedi-los de pescar. Pelo menos nas últimas 48 horas, nenhum animal foi arpoado porque não os deixamos em paz. Nossos botes impedem que os baleeiros façam a mira e é feito um bloqueio ao acesso ao navio-fábrica - explica o comandante, antes de acrescentar que tem dois brasileiros entre os seus tripulantes. São o biólogo e fotógrafo Gunther Filho, que trabalha na ponte de comando com Watson e a mestre de cozinha Roberta Kleber, ambos gaúchos de Porto Alegre. No momento da entrevista, ambos estavam em turnos de trabalho.