Título: PSDB corre para abafar crise entre Serra e Alckmin
Autor: Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 10/01/2006, País, p. A4

Governador de São Paulo diz que sua saída do cargo é ''óbvia'' e ''natural''

O PSDB está trabalhando para estancar a crise interna gerada pela disputa da vaga de candidato à Presidência entre o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador do estado, Geraldo Alckmin. A escolha do candidato sempre foi tomada na cúpula do partido, mas os caciques tucanos correm para anunciar que será feita uma consulta às bases estaduais, deputados e senadores ainda neste mês. Ontem, Alckmin tentou acalmar os ânimos, afirmando que sua saída do governo até março é ¿óbvia¿ e ¿natural¿. O governador de São Paulo negou que, anunciando desde já sua retirada, esteja pressionando o partido e o prefeito Serra a definir logo a candidatura tucana para presidente.

A tensão no PSDB aumentou depois que Alckmin anunciou no domingo que deixará o governo do estado até março para tentar concorrer à Presidência. Ele partiu para o tudo ou nada, garantindo que não irá concorrer ao Senado. Serra não quis comentar a decisão do correligionário.

¿ Não precisamos fazer prévias. Vamos consultar as bases do partido. O importante é deixar claro que o PSDB vai marchar junto ¿ destacou o secretário-geral do partido, deputado Eduardo Paes (RJ).

O líder tucano no Senado, Arthur Virgílio confirma que a indicação será feita em consulta ao partido.

¿ A decisão será tomada sem prévias. Haverá um consenso no partido, que vai escolher quem achar melhor.

Virgílio acrescenta que ¿não existe racha, nem vai poder existir¿ entre Serra e Alckmin. E alerta: ¿ Não quero ver cara feia. O que perder a vaga de candidato vai ter que apoiar o outro.

O presidente do diretório de São Paulo do PSDB, deputado estadual Sidnei Beraldo, diz que ¿não seria bom para o partido¿ que a disputa derivasse para as prévias. ¿ O presidente Tasso me contou que, a partir da segunda quinzena de janeiro, ele vai dar início ao processo de discussão dentro do partido. O senador tucano Leonel Pavan (SC), que esteve com Serra neste final de semana, disse que ¿em nenhum momento¿ o prefeito de São Paulo falou em sua candidatura. O senador de Santa Catarina acrescentou que o diretório local optou por esperar uma solução de consenso entre governador e prefeito.

A cientista política Lúcia Hipólito avaliou como correta a estratégia de Alckmin de deixar o governo. ¿ Ele tem que mostrar que suas intenções são sérias. Serra está quieto porque vai ter que esperar a reação popular ¿ analisa Lúcia. Ela acrescenta que Alckimin tem a vantagem de, mesmo não sendo conhecido nacionalmente, já conseguiu o empate técnico com Lula nas pesquisas de intenção de voto para o segundo turno.

¿ Serra já é conhecido, mas seria repetir a mesma eleição de 2002.