Título: Disputa entre tucanos favorece PFL
Autor: Daniel Pereira e Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 11/01/2006, País, p. A6

A disposição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de deixar o posto até março para concorrer à Presidência deu fôlego extra ao PFL. Se a saída do tucano for confirmada, o partido deve lançar candidato próprio ao governo paulista. Pretende se cacifar no páreo por meio da gestão do vice-governador de São Paulo, o pefelista Cláudio Lembo, que comandará o Palácio dos Bandeirantes com a desincompatibilização de Alckmin.

À frente de um governo com contas em dia e recursos para investir, Lembo teria condições de impulsionar o PFL em São Paulo, onde o partido desempenha papel de coadjuvante. Também anima o PFL o fato de o PSDB não ter concorrente à sucessão de Alckmin bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto.

- Em São Paulo, o PSDB não tem candidato forte - diz o senador José Jorge (PFL-PE).

De acordo com ele, despontam como favoritos ao posto de candidato ao governo paulista o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, o vice-governador Cláudio Lembo e o senador Romeu Tuma.

Enquanto articula as campanhas estaduais deste ano, o PFL atua para sangrar o governo Lula e o PT. Ontem, a cúpula do partido decidiu que defenderá o encerramento da CPI dos Correios apenas em abril. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), por exemplo, afirmou ser impossível entregar o relatório sobre os fundos de pensão até o final de fevereiro.

Integrantes do partido trabalham pela convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pela CPI dos Correios, para explicar por que a comissão não foi informada sobre a existência de uma segunda conta do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos.

Os pefelistas também defendem a realização, até o fim do mês, do depoimento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci à CPI dos Bingos. Além disso, deixaram claro que resistirão à eventual indicação de filiados do PT para vagas no Supremo Tribunal Federal (STF). Estão cotados para as vagas o ex-ministro Tarso Genro e o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).

- Esperamos que o presidente Lula, orientado pelo ministro da Justiça, que é um grande advogado, venha a apresentar nomes isentos de filiação partidária - disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

De forma reservada, integrantes da CPI dos Correios acusam o Ministério da Justiça e a Polícia Federal de atuarem para que a comissão não recebesse os dados da conta de Duda em Miami na qual o PT teria depositado, com recursos de caixa 2, R$ 10,5 milhões por serviços prestados durante a campanha de 2002.