Título: Conselho critica doações
Autor: Karla Correia e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 10/01/2006, País, p. A2

Um assunto dominou boa parte da primeira reunião do Conselho de Ética, ontem, depois de recesso branco de 18 dias: os salários extras da convocação extraordinária. Por mais de uma hora, os integrantes do conselho discutiram os reflexos na opinião pública das doações feitas semana passada por alguns congressistas. E, desta vez, quem ganhou destaque foram os que não fizeram doações. Sem constrangimento, acusaram os colegas de demagogia. Dos 65 deputados que devolveram ou doaram os R$ 25,6 mil, apenas cinco são do Conselho de Ética. Relator do processo contra o petista José Mentor (SP), Edmar Moreira (PFL-MG) foi o primeiro a elevar a voz. O parlamentar disse ter se recusado a comparecer na Câmara durante as últimas semanas. - Não vou para fazer demagogia, ficar vindo aqui para tomar cafezinho e dizer que está trabalhando. Também, acho demagogia devolver o dinheiro da convocação. A não ser que todos entreguem o dinheiro. Vamos propor ao presidente da Câmara convoque, de público, um por um dos 513 deputados para que devolvam - disse. - Tem muito deputado que mostra um recibo de R$ 15 mil e na verdade, só doou R$ 2 mil. Não há painel, não conta os prazos necessários. Se isto aqui fosse empresa e ganhasse por produção, estava tudo falido - acrescentou Moreira. O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) foi taxativo: - Se 512 deputados devolverem o dinheiro, vocês saberão quem é o único que não doou: eu. Não podemos conviver com uma Câmara submissa, medrosa e fraca. Tem deputado aqui que nunca doou. Agora, com a mídia divulgando listas, querem ludibriar o cidadão. O plenário só reabre as portas segunda-feira para a contagem de prazos. Os processos contra Pedro Corrêa (PP-PE), Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG) e Wanderval Santos (PL-SP) serão finalizados ainda esta semana.