Título: Resolução do PT exige a candidatura própria
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 10/01/2006, Brasília, p. D3

Diretório fecha questão e não abre mão da cabeça de chapa

A escolha do nome da oposição que irá concorrer ao cargo de governador do Distrito Federal promete ser acirrada. O Partido dos Trabalhadores no DF não está disposto a abrir mão da cabeça de chapa para outras legendas de esquerda e centro-esquerda. O diretório regional aprovou uma resolução que regulamenta as regras internas para o processo eleitoral de 2006. O documento garante que o PT local terá candidatura própria ao Palácio do Buriti e reforça a necessidade de construção do consenso partidário.

A decisão dá início aos debates entre os atuais postulantes e às articulações políticas na tentativa de definir as coligações. Enquanto o PT elabora as diretrizes do programa de partido e discute as cinco pré-candidaturas anunciadas - Geraldo Magela, Chico Floresta, Cláudio Santana, Chico Leite, Dorgil Marinho, pois Arlete Sampaio não confirma o pleito - , o PCdoB deu a largada da corrida eleitoral e anunciou, na semana passada, a pré-candidatura do ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, ao cargo.

O anúncio foi visto pelos petistas como legítimo, desde que não atrapalhe as intenções da legenda. Ou seja, o partido não se dispõe a abrir espaço para a candidatura de Agnelo.

- O PT é o maior partido de esquerda e terá candidatura majoritária. Já está decidido e por isso aprovamos essa resolução. Não há nada mais justo que a gente continuar dando sustentação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva - informou o presidente regional do PT, Chico Vigilante.

O secretário geral do PT-DF, Chico Machado, afirmou que ainda é cedo para fechar as portas para os outros partido de esquerda. Ele considera o lançamento de Agnelo Queiroz ao GDF um pleito natural. Nenhuma aliança, portanto, está descartada. Integrantes do PT defendem a criação de uma frente de esquerda, composta pelo PCdoB, PPS, PDT, PCB, PV, PHS, e que o ministro ocupe o cargo de vice-governador na chapa majoritária.

- O importante é que as esquerdas fiquem unidas. Vamos discutir os nomes com os partidos. Ninguém começa um diálogo impondo nada. É necessário que os critérios para as eleições sejam estabelecidos e, até agora, trabalhamos com inúmeras possibilidades, sem fazer impedimentos - avaliou Chico Machado.

O ministro Agnelo Queiroz foi procurado pela reportagem, mas a sua assessoria de comunicação não conseguiu localizá-lo para comentar as declarações.

Instruções - As regras para os candidatos petistas, no entanto, já foram definidas. O prazo para a inscrição de candidaturas ao cargo de governador vai de 20 de novembro até 10 de fevereiro de 2006. Para concorrer a deputado federal ou distrital, é necessário ter o apoio de um terço dos membros do diretório regional, ou seja, a assinatura de 16 pessoas. Se não atender a esse requisito, pode substituir por 5% das comissões executivas zonais ou 1% dos filiados no DF, o equivalente a 285 nomes. Só depois poderá preencher a ficha e entregar ao partido entre 11 de fevereiro e 3 de março.

Quem deseja ocupar o cargo de governador pelo PT, terá de cumprir normas mais rígidas, preenchendo uma dessas opções: dois quintos dos membros do diretório (19 assinaturas); 15% das executivas zonais ou 5 % dos filiados, que corresponde ao apoio de 1.293 correligionários. Se as indicações forem feitas por instâncias partidárias, devem ser referendadas pela maioria simples de votos.

Os petistas que ameaçaram deixar o partido enfrentarão outro problema. O secretário de Organização do PT-DF, Marcelo Pires, pedirá ao partido que não apóie os pré-candidatos que queriam abandonar a legenda no ano passado, bem no auge das denúncias de corrupção que atingiram a cúpula petista. A proposta, se aprovada, prejudicaria os planos eleitorais do deputados distrital Chico Floresta, pré-candidato ao GDF, e de Vilmar Lacerda, ex-presidente regional do PT, que deve concorrer à Câmara Legislativa.