Título: Tesouro capta US$ 1 bi
Autor: Sabrina Lorenzi e Fernanda Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 11/01/2006, Economia & Negócios, p. A19

O Tesouro Nacional fez ontem sua estréia no mercado internacional em 2006, com uma captação de US$ 1 bilhão em bônus com vencimento em 2037. A operação foi liderada pelo Deutsche Bank e pelo UBS.

A emissão, referenciada em dólares, ofereceu rendimento de 7,557% ao ano, a menor já obtida pelo governo brasileiro numa emissão internacional para prazo tão longo. O novo bônus global brasileiro foi vendido a 94,856% do valor de face e cupom de 7,125%.

Com a captação de ontem e as emissões realizadas no fim do ano passado, o país já obteve metade dos US$ 9 bilhões previstos para o biênio 2006-07, com o objetivo de rolar cerca de 80% dos compromissos vincendos no período. A emissão foi considerada um sucesso por economistas, especialmente pela taxa paga ao investidor.

- O Brasil conseguiu a melhor taxa no melhor momento - resumiu o diretor de mercados emergentes da corretora López Leon, Luís Forbes, lembrando que o custo pago foi de 295 pontos-base acima dos bônus do Tesouro americano de 30 anos. O prêmio ficou pouco acima da taxa de risco Brasil de 282 pontos, mínima histórica registrada na segunda-feira. Na última emissão, em 29 de em novembro, o Tesouro pagou 8,311%.

Outro aspecto destacado por operadores foi a forte demanda, que teria chegado aos US$ 3,5 bilhões, com especial interesse de asiáticos e europeus.

De acordo com o economista-chefe do WestLB, Adauto Lima, o resultado da operação também foi beneficiado pelo teor da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), divulgada na semana passada, sinalizando que o aperto monetário em curso nos EUA está perto do fim.

- Isso ajudou a consolidar um cenário que já era benigno.

Os recursos captados devem se somar às reservas internacionais do BC, que estavam em US$ 54,985 bi no dia 9. Só em 2005, as captações inflaram as reservas em US$ 7,9 bi.

Apesar do sucesso da captação, a cotação em dólar ontem fechou em alta de 0,53%, a R$ 2,262, após cinco quedas seguidas. Segundo especialistas, o movimento foi puxado pela expectativa de um corte mais acentuado na taxa básica de juros nos próximos meses, devido ao fraco resultado da produção industrial divulgado ontem. O risco Brasil, medida pelo JP Morgan, fechou aos 285 pontos centesimais, alta de 2 pontos.