Título: Mudanças são lentas na capital federal
Autor: Lígia Maria
Fonte: Jornal do Brasil, 16/01/2006, Brasília, p. D6

De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado em 2000, cerca de 25 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência física. Ainda segundo a pesquisa, esse grupo representa 13,4% da população do Distrito Federal. No que se refere a inclusão de pessoas com necessidades especiais, o Brasil possui uma das legislações mais avançadas do mundo. E o Distrito Federal, embora ofereça obstáculos aos portadores, tem caminhado para permitir mais acesso às pessoas com necessidades especiais. É a opinião de Márcia Muniz, executiva do grupo de acessibilidade da Secretaria de Coordenação das Administrações (Sucar). Segundo ela, tem havido uma mudança na cultural na cidade, algo que considerou mais importante do que mudanças na legislação e infra-estrutura.

- A acessibilidade, no sentido mais amplo, promove a autonomia dos portadores de deficiência. É importante dar acesso aos espaços públicos. Mas é preciso garantir condições de trabalho também. As reservas de vagas em estacionamentos públicos e as adaptações nos edifícios para garantir trânsito e independência para essas pessoas - explicou a executiva da Sucar.

Márcia Muniz comentou ainda que difusão de informações em braile e ainda da linguagem em libras - sinais para surdos e mudos - são medidas de inclusão importantes.

Mudança - Nos últimos anos, o conceito de acessibilidade tem mudado. Segundo Sandra Perito, do Instituto Brasil Acesível, vem deixando de ser um termo ligado aos deficientes físicos para ligar-se à idéia de desenho universal.

- O desenho universal promove o uso dos espaços de forma igual e independente para todos - explicou Sandra Perito, Instituto Brasil Acessível.

Para exemplificar, ela lembrou dos usuários de cadeiras de rodas.

- Quando se pensa em dar a acesso a todos, lembra-se logo do cadeirante. Esquecendo-se dos usuários de muletas, inválidos temporários, idosos e mães que carregam filhos - exemplificou.

Para Isabel Mourão, diretora da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência (Corde), essa mudança é importantíssima já que esse grupo de diferentes e não portadores de deficiência soma 56 milhões de brasileiros.

- A arquitetura e a engenharia estão seguindo essa tendência. Com a mudança, as diferenças de estatura e peso, por exemplo, e não somente as limitações físicas, são referências importantes na hora de pensar um projeto - explicou.

Apesar das mudanças, Isabel Mourão comentou que Brasília tem avançado na questão de acessibilidade. Mas ainda muito tem de ser feito no setor do de transporte público.

- A cidade não possui uma única condução pública adaptado para a pessoa com necessidades especiais. Esse fato faz da cidade um péssimo exemplo - afirmou.