Título: Disputa pelo fim do salário extra
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2006, País, p. A3

Em meio ao desgaste político causado pela convocação extraordinária do Congresso - que custou R$ 100 milhões aos cofres públicos e até agora não apresentou nenhum resultado - os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disputam agora qual será a Casa a votar primeiro projetos que acabem com o salário extra das convocações e diminua o período anual de férias de 90 para 45 dias.

Os presidentes, no entanto, são acusados por deputados e senadores pelo desgaste causado pela ausência de parlamentares no Congresso, já que foram Renan e Aldo que anunciaram, em meados de dezembro, a convocação extraordinária. Aldo respondeu, por sua assessoria, que a definição do dia 16 deste mês para o início das sessões plenárias foi discutida com os líderes partidários.

- A data do dia 16 foi discutida com os líderes. A convocação foi feita a pedido deles e do Conselho de Ética - afirmou.

A expectativa do presidente da Casa é que ao fim da convocação, em março, tenham sido aprovados importantes projetos que estão em pauta.

- Sou otimista. Temos as medidas provisórias, o projeto da super-receita que tem urgência constucional, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, e as prioridades que são a redução do recesso e o fim do pagamento das convocações - ressaltou.

Depois de aprovar a convocação extraordinária do Congresso por dois meses, Renan apontou como prioridade na votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com o pagamento extra. Ironicamente, o presidente do Senado acredita que a convocação extraordinária valerá à pena se acabar com a possibilidade de uma nova convocação.

- A convocação tem que servir para acabar com isso. Farei uma reunião com os líderes na segunda ou terça para estabelecer a pauta de votações e acho que a proposta que acaba com a convocação extraordinária e o salário extra deve ser votado logo na quarta, como prioridade - explicou.

Do outro lado do Congresso, o presidente da Câmara diminuiu o tom e afirmou ontem que o projeto que aumenta de 513 para 521 o número de deputados federais - que ele havia apoiado no dia anterior - não terá prioridade nas votações, apesar de fazer parte da pauta da convocação extraordinária. Aldo responsabilizou o PSDB por incluir a matéria na pauta.

- A lista de projetos é elaborada a partir da minha sugestão e das sugestões dos líderes partidárias. E esse projeto foi uma sugestão do PSDB - disse.