Título: CPI reforça rombo nos fundos de pensão
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2006, País, p. A3

Relatório preliminar elaborado pela CPI dos Correios sustenta que 13 fundos de pensão patrocinados por estatais tiveram perda de R$ 75,9 milhões, no período de 2000 a 2005, em negociações com títulos públicos. O documento também cita indícios de irregularidades em operações da Prece, entidade de previdência da Cedae (companhia estadual de saneamento do Rio), em operações com títulos privados e na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). O sub-relator de fundos de pensão, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), já havia divulgado um relatório no qual apontava perdas de R$ 729 milhões de 14 fundos em operações na BM&F entre 2000 e 2005, e de R$ 54,8 milhões com títulos públicos, mas restritas a sete entidades e somente entre 2003 e 2005. Ontem, o Real Grandeza (Furnas) não foi citado.

Os fundos que mais perderam em negociações com títulos públicos, segundo o relatório, foram a Prece, com R$ 35,7 milhões, e o Nucleos (estatais de energia nuclear), com R$ 28,3 milhões.

O relatório analisa negociações com títulos privados apenas do fundo de pensão dos funcionários da Cedae. -Fizemos uma análise envolvendo os principais bancos e percebemos, no caso da Prece, indicativo de algumas negociações em que houve compra de CDBs de instituições que ofereciam altíssimo risco de mercado com retorno completamente descabido - afirmou o deputado ACM Neto.

Uma dessas instituições, de acordo com o relatório, é o Banco Rural, que de 2000 a 2004 foi classificado como ''Ba'' no rating Moody's - rating para depósitos bancários de longo prazo - o que representa créditos com risco substancial. Em 2005, o Rural foi rebaixado para ''B'', o que representa créditos de alto risco.

A Prece teria aplicado, somente em 2005, R$ 29,5 milhões em CDBs do Rural, 49,4% dos seus investimentos em CDBs no ano.

O relatório mostra que as operações que geraram perda para a Prece se concentram em dez corretoras, entre elas a Bônus-Banval, usada por Marcos Valério para repassar dinheiro ao PP. Também é citada a Laeta, ligada a Lúcio Funaro, suspeito de envolvimento com lavagem de dinheiro.

O documento foi distribuído a parlamentares em sessão fechada da CPI, durante depoimento da ex-diretora financeira da Prece Magda das Chagas Pereira e do gerente de investimentos do fundo, Paulo Martins. Magda esquivou-se da maioria das perguntas. Ela obteve uma liminar no Supremo Tribunal Federal que lhe garantia o direito ao silêncio. Afalta de respostas irritou alguns parlamentares. A deputada Denise Frossard (PPS-RJ) chegou a chamar de ''laranja'' a ex-diretora. Martins afirmou na CPI que, desde que assumiu o cargo, há 3 anos, não tomou conhecimento de operação em que houvesse discrepâncias.

Folhapress