Título: O mosquito maravilhado
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 16/01/2006, Rio, p. A14

É verão! A cidade transborda alegres turistas vindo de todas as partes do mundo. Pessoas bronzeadas expressam sua felicidade de morar no local mais bonito do planeta. A euforia de viver parece contaminar todos os cariocas, inclusive o aedes aegypti vulgarmente chamado de ¿mosquito da Dengue¿. Este viajante, apesar de ter visitado, nos últimos 100 anos, lugares como EUA, Austrália, Grécia, Japão, Vietnã, Porto Rico, Venezuela, Colômbia e Cuba, ficou maravilhado pela incompetência de nossa Secretaria Municipal de Saúde em exterminá-lo e, portanto, instalou domicílio fixo no Rio de Janeiro. Disse o secretário municipal de Saúde, no último sábado, em mais uma de suas entrevistas equivocadas que ¿a dengue nunca foi eliminada no Brasil desde a época de Oswaldo Cruz¿; desconhece o que nosso grande mestre Ricardo Veronesi ensina em seu Tratado de Doenças Infecciosas e Parasitárias. O mosquito da Dengue foi erradicado do país pela primeira vez em 1955, tendo sido reintroduzido em 1967 e em 1969. Foi eliminado novamente em 1973 e reapareceu em 1976 e em 1977. Pior é saber que bairros como Vila Isabel, Quintino e Piedade quase alcançam valores de 20% de infestação. A empáfia reinante na Secretaria Municipal de Saúde, não permite reconhecer erros no combate ao mosquito da dengue. Erros crassos como a falta de investimento, a não utilização de veículos em ações efetivas de combate ao mosquito e até mesmo o abandono das unidades de saúde. Faltando 19 dias para terminar o ano de 2005, a Prefeitura do Rio ainda não tinha empenhado 3,7 milhões de reais da dotação orçamentária inicial para o combate a doença! Em sua grande sabedoria, manteve metade da frota de veículos, cedidos pela Funasa, sem função ou mesmo desviados de finalidade, servindo ao gabinete do prefeito e ao seu próprio gabinete como noticiou a grande mídia. Deixa como herança de sua grande sabedoria, o legado de emergências e postos de saúde sem remédios, sem comida, sem segurança, sem refrigeração e sucateados, onde há falta até mesmo de um simples aparelho para se verificar a pressão arterial.

A experiência de grandes gestores passados demonstra que é possível a erradicação do Aedes. Basta para isto, que o ¿comandante desta guerra¿ tenha uma visão social do problema.

Vereador pelo PPS e vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal.