Título: Suspeito de mensalão ganha tempo
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2006, País, p. A3

A ausência do deputado Mário Negromonte (PP-BA) ontem, no Conselho de Ética, atrapalhou os planos do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) de entregar até o final desta semana seu parecer no processo contra Pedro Corrêa (PP-PE). Testemunha de defesa de Corrêa, Negromonte alegou estar com ¿forte gripe¿ e não apareceu na comissão. O problema favoreceu o colega de legenda, que corria o risco de ser o primeiro a enfrentar o plenário da Câmara depois da absolvição de Romeu Queiroz (PTB-MG). O lugar ficou livre na fila para o mineiro Roberto Brant (PFL), que ainda ontem teve seu processo encerrado pelo relator Nelson Trad (PMDB-MS). ¿ Até a próxima quarta-feira, vamos ler e votar o parecer. Com as dificuldades enfrentadas por Sampaio na conclusão do seu relatório, é bastante provável que o caso de Brant vá primeiro a plenário ¿ avaliou Trad, que já sinalizou que seu voto será pela cassação.

Trad não confirma que tenha sofrido pressão para segurar um pouco mais a conclusão de seus trabalhos. Mas sinalizou, na terça-feira, que mesmo convicto tinha sido convencido da necessidade de voltar a solicitar a presença de integrantes da Usiminas, empresa que teria financiado R$ 102 mil para a campanha eleitoral de Brant à prefeitura de Belo Horizonte. Mas ontem voltou atrás e desistiu dos depoimentos.

Com o risco de ser o primeiro a encarar o plenário ainda sob o efeito Romeu Queiroz, Pedro Corrêa correu para se defender. Ligou para alguns integrantes do conselho e disse que estava sendo injustiçado com o ¿cerceamento do seu direito de defesa¿. Embora não seja apontado como sacador, Corrêa foi responsabilizado por ser presidente da legenda. Ele admitiu que parte do dinheiro recebido do líder da legenda na Câmara, José Janene (PR), era destinado a pagamentos de advogados em 36 ações penais. ¿ Me admira um jurista como Sampaio querer correr com um processo. Ele tem de ouvir todos que compõem minha defesa ¿ avaliou.

Carlos Sampaio (PSDB-SP) rebateu às críticas: ¿ Peço que o deputado Pedro Corrêa se empenhe para que a testemunha compareça nessa nova data, porque, se ocorrer nova ausência, vou encerrar a fase de instrução do processo assim mesmo.

Ontem, Corrêa passou parte da manhã no gabinete da liderança do PP, onde também esteve presente a testemunha de defesa Mário Negromonte (PP-BA), que deixou de comparecer ao Conselho porque estava resfriado. Corrêa negou que tivesse combinado com o colega uma manobra, e criticou a postura dos integrantes do Conselho de Ética. Segundo ele, estariam ¿partidarizando¿ as acusações. ¿ Tenho o direito de me defender, imaginem que querem dispensar duas testemunhas minhas. Eles não têm por que fazer isto. Transformaram o Conselho numa casa política ¿ avaliou.

Corrêa sente que a mão dos conselheiros não será leve na hora de poupá-lo de uma punição. Mas, está confiante.

¿ Numa casa política todo mundo sabe como as coisas são feitas. O conselho vai encaminhar um parecer, que o próprio nome diz: Parece ser. Mas é o plenário que decide se é ou não ¿ afirma o deputado.