Título: Barulho contra produto chinês
Autor: Cristiane Crelier
Fonte: Jornal do Brasil, 30/01/2006, Economia & Negócios, p. A18
LOS ANGELES, EUA - A Agência de Promoção de Exportações do governo federal (Apex) apóia o setor desde 2003. No ano passado, o convênio de cooperação técnica e financeira previu o investimento de R$ 2,2 milhões em ações como capacitação das empresas, qualificação do produto para o mercado internacional e participação em feiras e eventos internacionais.
- O produto chinês vem melhorando na qualidade, mas o Brasil traz consigo uma identidade e já tem tradição na indústria de instrumentos musicais. O nosso esforço tem sido no sentido de reforçar a identidade brasileira, que diferencia os nossos produtos dos de outros países - comenta Jeanine Souza, gerente de projetos da Apex.
A Weril, uma das principais exportadoras de instrumentos musicais de sopro, embarca 30% de sua produção, metade disso somente para os EUA. No penúltimo dia da feira, a empresa já havia recuperado o investimento com a exposição. O total de contratos fechados durante o evento chegou a US$ 80 mil.
- Nesse valor não entraram contatos feitos e reuniões agendadas. Este foi um ano de muitos negócios - comemora Andrea Donatti, gerente de marketing da empresa.
O presidente da empresa, Nelson Eduardo Weingrill, no entanto, afirma que o crescimento dos negócios externos sofreu uma forte desaceleração em 2005 devido ao dólar baixo.
- Em 2004 o crescimento de exportações foi de 35% em relação ao ano anterior. Já em 2005 foi de 10%.
José Luiz Ferreira, dono da Meteoro (que produz amplificadores assinados pela banda de rock Sepultura) tem a mesma queixa.
- Em três anos, nossas exportações tiveram crescimento de 400%. Mas o último ano não foi o melhor para os negócios.
As novidades levadas pelo Brasil para a feira, já no sentido de evidenciar a identidade brasileira, foram as guitarras feitas de madeira certificada (selo de produção ecologicamente sustentável) da Amazônia. Segundo o presidente da Hering, até mesmo os concorrentes internacionais demonstraram interesse na madeira.
O mercado mais cobiçado pelas empresas brasileiras é o americano, o maior consumidor de instrumentos musicais devido à obrigatoriedade da música no currículo escolar do país. A feira, porém, permitiu o fechamento de negócios com Alemanha, Bulgária, Canadá, Finlândia, França, Indonésia e México.
O segmento de percussão é o que mais encontra dificuldade de entrar de forma definitiva no mercado americano. Porém, a proximidade com a Copa do Mundo, trouxe oportunidades para este ano.
- O volume exportado de instrumentos tipicamente brasileiros é inferior às vendas internas no período do Carnaval. Mas a Copa vem se mostrando uma boa oportunidade para as exportações. Fechamos, na feira, negócios para o período da Copa com distribuidores mexicanos e com o Wal-Mart nos EUA - diz Priscila Storino, gerente de vendas da Izzo, especializada em instrumentos de percussão típicos.