Título: Bacia de Santos receberá US$ 18 bi
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2006, Economia & Negócios, p. A19

A Petrobras informou ontem que pretende investir US$ 18 bilhões, ao longo dos próximos 10 anos, na Bacia de Santos. A estatal apresentou ontem o plano diretor para desenvolvimento da produção de gás natural e petróleo na região, que deve produzir cerca de cerca de 12 milhões de metros cúbicos/dia a partir do segundo semestre de 2008. Até o final de 2010, esse volume deverá elevar-se, segundo os cálculos da Petrobras, para aproximadamente 30 milhões de metros cúbicos/dia de gás e de 100 mil barris de petróleo diários.

Segundo a Petrobras, o desenvolvimento do plano na Bacia de Santos é dividido em cinco pólos de produção. São eles: Merluza, que produz atualmente 1,2 milhão de metros cúbicos/dia de gás e 1.600 barris por dia de óleo; Mexilhão, que deve adquirir capacidade para produzir até 15 milhões de metros cúbicos/dia de gás e 20 mil barris de petróleo e condensado; BS-500, que prevê a instalação de sistemas de produção de gás e óleo; Sul, que produz, atualmente, 9 mil barris de petróleo por dia; Centro, que pode ser utilizado para envio do gás para a plataforma de Mexilhão.

A perspectiva é que só BS-500 produza sozinho 20 milhões de metros cúbicos/dia de gás natural na próxima década. A produção na bacia requer alta tecnologia de exploração, uma vez que a jazida de gás se encontra a mais de três quilômetros de profundidade e com altas temperaturas.

A Bacia de Santos está localizada numa área de cerca de 352 mil quilômetros quadrados e se estende pelo litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro, passando por toda a costa de São Paulo e do Paraná, além da parte norte do litoral de Santa Catarina.

A Petrobras informa que, junto com seus parceiros, detém 40.663 quilômetros quadrados de concessões exploratórias nessa bacia. Cerca de 52% da área sob concessão localizam-se no Estado de São Paulo. O restante está situado nos Estados do Rio de Janeiro (35%), Santa Catarina (7%) e Paraná (6%).

A tão esperada parceria entre Petrobras e Repsol para explorar o maior campo da Bacia de Santos esbarra em questões delicadas para a estatal. O presidente da multinacional espanhola, João Carlos De Luca, mantém as expectativas para explorar Mexilhão e fala em fechar negócio com a Petrobras até março. Mas não esconde o incômodo com a falta de informações sobre a região, alvo de investimentos bilionários.

- Falta o mínimo de informações que uma empresa precisaria, como o resultado de poços (perfuração) para fazer o plano de desenvolvimento - revela.

Outro problema estratégico citado por outras fontes trata do preço do gás, abaixo do que gostariam investidores, já que a Petrobras é a única compradora. O gerente-geral de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno, destaca que o mercado nacional é a prioridade de escoamento do gás natural. Sem ter o mercado externo como alternativa de venda, a Repsol fica nas mãos da estatal na hora de definir preços do insumo.

Mas, assim como De Luca, Nepomuceno defende que o resultado de testes de produção vão pesar mais para o acerto entre as duas empresas. Ele cita um teste de produção em um poço horizontal de 1 mil metros, já perfurado, que deverá ser feito nas duas próximas semanas.

A parceria entre Repsol e Petrobras para repartir investimentos e frutos do Campo de Mexilhão vem sendo costurada há mais de um ano. Em 2003, a Petrobras anunciou reservas gigantes - estima-se que tenha mais de 220 bilhões de metros cúbicos, a principal fonte de gás da Bacia de Santos.

Com Sabrina Lorenzi