Título: Ressaca no pregão de álcool
Autor: Nanna Pretto
Fonte: Jornal do Brasil, 13/01/2006, Economia & Negócios, p. A19

Depois de o governo fechar o acordo com os usineiros para que o preço do álcool anidro seja tabelado em R$ 1,05 por litro, o presidente da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), Manoel Felix Cintra Neto, afirmou ontem que, se o tabelamento de preço não for pontual, a bolsa poderá suspender a negociação dos contratos de álcool no mercado futuro.

Cintra Neto disse, no entanto, não acreditar que esse congelamento de preços se prolongue por muito tempo.

- É um problema pontual até a safra de março. Os contratos em aberto permanecem até a data de vencimento - afirmou.

A prática do preço a um valor pré-estipulado, entretanto, limitará a volatilidade dos contratos com vencimento em fevereiro. Com a antecipação da safra para março, porém, a nova safra entrará no mercado arrefecendo os preços, o que possibilita a volta do livre mercado.

- Tabelando os preços por um período prolongado, os próprios agentes perdem o estímulo. E não é isso que o governo quer. E nem a BM&F - avalia Cintra Neto, ao se referir à possibilidade de suspensão dos negócios.

O presidente lembra que o que interessa para a bolsa é a formação do preço do álcool, que é a referência do mercado internacional. Em 2005, a BM&F negociou 800 milhões de litros de álcool, o que representa 20% da produção brasileira no período.

A nova crise, desencadeada pela escassez do produto, trouxe de volta à memória os problemas de desabastecimento do fim da década de 80, que sepultaram o Proálcool, o programa oficial de estímulo à tecnologia alternativa do álcool.