Título: Serra discursa como candidato
Autor: Sérgio Pardellas e Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 17/01/2006, País, p. A5

O prefeito de São Paulo, José Serra, abandonou as questões municipais e discursou ontem como candidato ao Planalto. Diante de uma platéia de empresários e do governador Geraldo Alckmin, seu adversário na disputa pela candidatura tucana à Presidência, o prefeito apresentou seu currículo, criticou a política econômica e enumerou propostas de soluções para os problemas nacionais. O prefeito continua negando ser pré-candidato, mas afirmou que os responsáveis pela realização das mudanças que sugeriu são os eleitores.

Alckmin, que também discursou na abertura da Couromoda 2006, em São Paulo, foi menos incisivo que o prefeito, que falou antes dele. Preferiu apontar suas realizações à frente do governo de São Paulo e não atacou diretamente a política econômica. Fez questão, porém, de também mencionar seu currículo.

Uma das principais estratégias dos articuladores de Serra na disputa interna do partido é a de ressaltar a biografia e a formação do prefeito, sugerindo que ele estaria mais bem preparado para assumir o país e reger o processo de mudanças na política econômica.

Serra abordou a política de juros, o câmbio, a carga tributária e o comércio exterior, afirmando que os desafios do país passam por essas questões.

- Sou economista e comecei na economia, depois de ter estudado engenharia, com um curso de especialização em desenvolvimento e planejamento industrial -, disse.

Já Alckmin, que já assumiu a candidatura ao Planalto, citou sua formação médica ao falar sobre a política econômica:

- Aprendi na faculdade de medicina: suprima a causa que o efeito cessa. Isto é, não podemos deixar de fazer reformas inadiáveis, rapidamente, para que possamos ter um câmbio favorável, um juro baixo.

Ao contrário do governador, Serra criticou duramente a valorização do real, a carga tributária e os ''juros siderais''. Propôs uma ''lei de responsabilidade cambial'' e um seguro para o câmbio, ''em momentos de turbulência''. Do contrário, disse ele, o Brasil assistirá a uma ''invasão de produtos chineses, causando desemprego''.

- Se há algo que o Sudeste Asiático ensinou ao mundo é que o câmbio deve ser competitivo. Não basta ter Lei de Responsabilidade Fiscal, mas também lei de responsabilidade cambial. Temos de criar seguros para o câmbio em momentos de turbulência e proteger a atividade produtiva, que gera emprego, impostos e renda.

Folhapress