Título: Lula se engaja na campanha eleitoral
Autor: Sérgio Pardellas e Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 17/01/2006, País, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem a parlamentares aliados, durante viagem ao Nordeste, que decidirá se vai concorrer à reeleição apenas em junho, depois de definidos os postulantes à Presidência da República do PSDB e do PMDB, caso este partido oficialize a candidatura própria. Até lá, enquanto os adversários enfrentam disputas internas em seus partidos, Lula cumprirá um cronograma elaborado pelo Palácio do Planalto com propósito de lançar luz sobre as ações do governo. A intenção é fazer um evento de grande repercussão por semana.

Se possível, com inauguração de uma importante obra a cada 15 dias. Ontem, o presidente deu de ombros às críticas da oposição e vestiu de vez o figurino de candidato. Embora tenha se defendido das acusações de uso eleitoral da operação tapa-buraco, e repetido o mantra ''não tenho pressa para anunciar a candidatura à reeleição'', Lula recheou sua agenda de ontem com visitas às obras de duplicação e restauração da BR-101 Nordeste nos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. Durante discurso em Recife, afirmou que continuará viajando porque ''o presidente não pode parar por causa do ano eleitoral''.

- Nunca vi ninguém plantar uma árvore e não querer comer o fruto. Estamos viajando e vamos continuar viajando muito mais, porque esse é o papel do presidente da República. Talvez os críticos queiram que eu fique trancafiado lá no Palácio do Planalto - afirmou Lula ontem.

Na próxima sexta, com o objetivo de atenuar as críticas sobre a falta de investimentos do governo federal no Rio, o presidente assinará, em Queimados, município da Baixada Fluminense, a liberação de R$ 100 milhões para investimentos em saúde. Do total, R$ 40 milhões para concluir o Hospital Geral de Queimados.

À assinatura do convênio se seguirá um ato em apoio a Lula capitaneado pelo prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT).

A ordem no Planalto é partir para a ofensiva. Ao mesmo tempo em que recomendam que sejam realçadas as ações do governo, pesquisas em poder do governo estimulam a comparação com a gestão de Fernando Henrique Cardoso. É fazendo o povo se lembrar dos últimos anos do governo FHC que o Planalto espera neutralizar os avanços do prefeito de São Paulo, José Serra e do governador Geraldo Alckmin, possíveis candidatos do PSDB à Presidência.

Ontem à noite, a campanha do presidente foi reforçada em cadeia nacional de rádio e TV. Lula fez o terceiro anúncio oficial do quitamento antecipado dos R$ 15,5 bilhões da dívida no FMI e anunciou que o governo vai lançar o plano ''Brasil Produtivo e Solidário''.

O plano, segundo o presidente, ''irá integrar e ampliar, de um lado ações na área social e de promoção humana, e, do outro lado, ações de estímulo ao setor produtivo e ao desenvolvimento econômico''.