Título: Banco do Brasil dá ultimato ao GDF
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 17/01/2006, Brasília, p. D3
A demora na votação do projeto que possibilita a criação da Cidade Digital levou o Banco do Brasil a dar um ultimato ao governo do Distrito Federal: a área deve ser criada até o dia 30 de janeiro para que a instituição financeira construa o centro de dados no loca. Mesmo assim, o projeto de ampliação do Parque Nacional de Brasília deve esperar pelo menos mais uma semana para ser votado na Câmara dos Deputados. Na pauta da convocação extraordinária, o projeto que amplia o parque dos 30 mil hectares atuais para 41 mil hectares não deve ser apreciado nas sessões dessa semana. Outros projetos mais polêmicos, como a criação da Super-Receita e a suspensão do pagamento da ajuda de custa para convocação extraordinária, são considerados prioridade pelos parlamentares. A expectativa do Governo do Distrito Federal é grande diante da proposta. Se aprovada, a Cidade Digital poderá gerar 40 mil empregos e trazer para a cidade um investimento de mais R$ 1 bilhão.
Entretanto, antes da aprovação do projeto, é preciso chegar a um consenso. Nem mesmo os oito parlamentares da Bancada do DF na Câmara conseguem chegar a um acordo.
- É difícil acreditar que a bancada do DF na Câmara não consiga agilizar uma votação que é fundamental ao destino de Brasília. A Cidade Digital abrirá caminho para a instalação de uma indústria não poluente - diz o porta voz do governador, Paulo Fona.
O deputado Alberto Fraga (PFL) defende a aprovação do substitutivo elaborado pelo deputado Jorge Pinheiro (PL - DF). Na forma apresentada por ele, o parque teria um aumento de 13 mil hectares e não incluiria as terras das quatro fazendas instaladas na área. Pelo projeto em votação, o parque teria mais 3 mil hectares e incluiria parte das fazendas.
- Do jeito que está, o projeto tira o direito de propriedade de muitas pessoas - argumenta Fraga.
O deputado diz não entender o que a Cidade Digital tem a ver com o aumento do Parque Nacional de Brasília. Para o deputado, o projeto referente à área tecnológica a ser criada ainda não saiu por causa do Ibama.
- Só vamos votar se fizermos acordo para apreciar o substitutivo - diz o deputado, que enfatizou o fato do projeto substitutivo ter sido aprovado pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara.
De acordo com o deputada Maria José Maninha (PSOL - DF), a votação do projeto depende de discussão dentro da bancada do DF e entre os líderes da Casa.
- Desde o ano passado não tivemos reunião de bancada para discutir esse assunto. Teremos que fazer esses encontros para tentar achar uma saída para esse impasse - defende a deputada.
Segundo Paulo Fona, o governador Joaquim Roriz (PMDB) continua trabalhando pela aprovação do Parque Nacional de Brasília.
- Ele espera que a bancada do DF garanta a votação até a data estipulada pelo Banco do Brasil para que a população não perca um investimento de cerca de R$ 1 bilhão - afirma Fona.
Perdas - Se o Congresso não aprovar a ampliação doparque até o fim deste mês, a construção do centro de dados do Banco do Brasil pode passar para outra cidade. Na expectativa da proposta ser apreciada o mais rápido possível, o banco preferiu não se pronunciar a respeito do projeto.
Caso o Datacenter não seja criado no DF, a instituição financeira estuda outros locais de construção. Entre eles, Paraná, São Paulo e Goiás. Ainda esta semana o banco deverá mandar técnicos para analisarem as possíveis cidades onde o Datacenter poderá ser instalado.
Pauta - O projeto de ampliação do parque nacional não está entre as prioridades dos parlamentares. Antes de apreciar a proposta, os deputados devem votar, ainda nesta semana, o Projeto de Decreto Legislativo 2075/05, que acaba com o pagamento de ajuda de custo aos parlamentares nos períodos de convocação extraordinária. Além disso, duas medidas provisórias e o projeto de lei que cria a Super-Receita trancam a pauta na Câmara.
O deputado Jorge Pinheiro, autor do substitutivo emendado ao projeto de lei pretende colocar a proposta em votação ainda esta semana.
- Tenho receio que o Banco do Brasil não espere mais. Eles já protelaram e esticaram essa corda demais - diz.
Pinheiro defende a votação do projeto mesmo sem a emenda:
- Temos que acabar com essa história. Quem não concorda vai entrar na Justiça, não podemos impedir que o Banco do Brasil venha para cá.