Título: Aumento de prazos estimula mercado
Autor: Léa De Luca
Fonte: Jornal do Brasil, 23/01/2006, Economia & Negócios, p. A17

A Finasa, maior do mercado no segmento de financiamento de automóveis, com uma carteira de R$ 12,2 bilhões e 18 mil revendas cadastradas, cresceu 61% em 2005, segundo o diretor Paulo Isola, que também é diretor executivo do Bradesco, dono da financeira. Isola atribui o forte crescimento no ano passado à melhoria dos processos e ao fechamento de parcerias.

Para Sergio Cipovicci, diretor da área de financiamentos de veículos do HSBC, a carteira cresceu 80% em 2005, para R$ 4 bilhões.

- Mas parte do crescimento pode ser atribuída ao aumento dos prazos, que passaram de uma média de 27 para 37 meses - diz.

Para ele, fazer volume não é tão difícil quanto ganhar dinheiro.

- É quase uma operação de tesouraria, em que o desafio é a gestão eficiente do portfólio - diz.

Ele lembra que os revendedores também ficam com uma parte das taxas cobradas, o que reduz os ganhos dos bancos.

A Omni - que tem uma carteira de R$ 200 milhões em veículos novos (o total chega a R$ 440 milhões, mas parte foi cedida a fundos de recebíveis para levantar mais recursos para emprestar), concorre na raia dos usados, com taxas entre 2,3% e 3,2% ao mês, até 36 meses. Seu diretor, José Tadeu, diz que no seu segmento, para ganhar clientes, mais importante do que fazer promoções é prestar um bom serviço, como aprovação rápida do crédito.

Carlos Roberto Vilani, diretor do Banco Panamericano, com uma carteira de R$ 1,8 bilhão, cresceu 10% em 2005 e espera mais este ano:

- As vendas estão aquecidas em janeiro.

Sua taxa está em 1,98% e os prazos vão até 48 meses. Segundo ele, não existe taxa zero, o que existe é ''retenção'' - um desconto dado pela concessionária ao banco.

Apesar dos concorrentes reclamarem da baixa rentabilidade da operação - 4,5% ao ano, em média -, admitem que a carteira de empréstimos de automóveis tem várias vantagens em relação aos outros contratos para pessoas físicas. Segundo os entrevistados, é uma carteira mais estável, por ser de longo prazo, as prestações são altas e os clientes têm poder aquisitivo acima da média, com potencial para consumir outros produtos dos bancos e financeiras.

Além disso, hoje todas as taxas cobradas são prefixadas - uma vantagem em tempos de queda dos juros, pois assim o banco ''trava'' um ganho maior por mais tempo. De maneira geral, as taxas variam de 1,5% a 3,5% ao mês (se o carro é usado, a taxa é maior), a entrada, entre 10% e 30% e os prazos, de 12 a 60 meses. Para completar, esses financiamentos têm a garantia do bem em caso de inadimplência - apesar de não ser interesse dos bancos encher pátios de carros, pelo menos é um bem fácil de recuperar e de vender. Os recursos para as operações são captados com Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).