Título: Financiamento a toda velocidade
Autor: Léa De Luca
Fonte: Jornal do Brasil, 23/01/2006, Economia & Negócios, p. A17

Compra de automóveis a prestação cresce 30%. Em alguns casos, primeira parcela pode ser paga apenas em 2007

SÃO PAULO - Os clientes em busca de financiamento para compra do carro zero tem muito o que comemorar. Na luta para atrair o consumidor, algumas concessionárias chegam a oferecer crédito sem entrada, cinco anos para pagar e a primeira parcela só em 2007.

Na briga, que está cada vez mais quente, vale até aprovação para clientes com restrição de crédito - desde que não seja um caso de inadimplência junto a instituições financeiras. O aumento de 8,5% das vendas de carros novos e de 30% dos financiamentos em 2005, mais a perspectiva de queda dos juros neste ano, continuam favorecendo a concorrência e, por conseqüência, o consumidor. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 70% dos carros novos vendidos são financiados.

A carteira total de crédito para compra de automóveis chegou a R$ 49 bilhões em novembro - um aumento de 33% em 12 meses. Érico Ferreira, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), espera uma expansão de 25% neste ano.

Na rede da Ford, a primeira parcela fica para abril - mas a promoção vale apenas para carros fabricados no ano passado, modelo 2006. No Banco Volkswagen, acordo com a montadora da marca alemã resulta em taxa de 0,99%, 1,5 mil quilômetros de combustível garantidos e IPVA grátis.

A disputa acirrada pelos financiamentos de automóveis aumentou os volumes mas também os calotes: os atrasos de até 90 dias no pagamento das parcelas passaram de 2,99% em novembro de 2004 para 3,96% em igual mês do ano passado. A julgar pelas promoções, esses números não vão baixar.

- Todo mundo quer ganhar mercado - afirma Érico Sodré Ferreira, presidente da Acrefi.

Apesar da melhoria nas condições de financiamento, os consumidores não deixam de pesquisar as taxas de juros. É o caso do analista de sistemas Sérgio Roberto, de 24 anos, que comprou um carro há oito meses e já pensa em trocar de modelo novamente. Atento às diferentes taxas de juros dos financiamentos, ele pretende trocar seu atual veículo e pagar o resto (cerca de R$ 40 mil) em, no mínimo, 20 prestações.

- Se quisesse comprar à vista, nunca conseguiria comprar um carro. Tento nunca ultrapassar mais de 36 prestações porque os preços estão cada vez maiores. Assim, quando você vai trocar de carro, já está muito desvalorizado - diz Roberto.

O comerciante Roberto Antunes, de 42 anos, quer comprar um veículo novo. Por isso, além de pesquisar os modelos, analisa as taxas de financiamentos. Para ele, é importante calcular os valores para não ter uma surpresa desagradável quando as prestações começarem a bater na porta.

- Comprar um carro através de um financiamento é a única alternativa. Não conheço uma pessoa que tenha comprado à vista nos últimos anos - ressalta Antunes.