Título: Palocci manda recado à CPI
Autor: Sérgio Pardellas e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 23/01/2006, País, p. A6

Ministro se dispõe a depor nos próximos dias BRASÍLIA - Depois de alguns dias de serenidade política, o Palácio do Planalto terá de administrar esta semana o tão aguardado depoimento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na CPI dos Bingos. Comunicado pelo vice-líder petista, o senador Tião Viana (AC), da intenção do ministro de depor espontaneamente nos próximos dias, o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-BA), espera acertar ainda hoje a data da ida de Palocci. A expectativa, segundo Efraim, é de que o ministro fale à CPI ainda esta semana. Na terça, a Comissão também irá colher o depoimento dos policiais do caso Celso Daniel.

O pefelista nega a intenção da oposição de usar politicamente a convocação do ministro. No entanto, pondera que ¿tudo pode acontecer¿ no dia em que o ministro sentar-se à cadeira de depoimentos da Comissão.

¿ Vamos procurar dar continuidade às investigações. A partir do momento que ele se apresentar como depoente vamos inquiri-lo e suas respostas vão nortear o depoimento ¿ disse Efraim.

Semana passada, a CPI dos Bingos enviou comunicado ao gabinete de Palocci. Ou ele definia sobre sua ida voluntária à Comissão ou a CPI seria obrigada a colocar em votação requerimento de convocação. Em dezembro do ano passado, deputados e senadores quase obrigaram Palocci a comparecer à CPI, mas acordo entre governo e oposição evitou a convocação. Ficou acertado que o ministro iria na condição de convidado. Em carta enviada à CPI naquele mês, o ministro atribuiu a recusa ao convite de comparecer no fim de 2005 ao fato de já ter estado na Câmara e Senado em três ocasiões.

A CPI quer ouvir do ministro esclarecimentos sobre as acusações apresentadas àquela comissão e ao Ministério Público pelo ex-assessor da Prefeitura de Ribeirão Preto Rogério Tadeu Buratti. Entre as acusações feitas por Buratti, o então prefeito Antonio Palocci cobrava propina de empresa de lixo.

No Planalto, há um temor de que a parcial recuperação de índices do governo Lula instigue a sanha da oposição que usaria a CPI para desgastar o presidente. O bom desempenho do ministro na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara e do Fundeb, entretanto, serve de tranquilizante para o governo.