Título: CPI manda prender sósia de Marcos Valério
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/01/2006, País, p. A2

Para mostrar que começou bem o ano, ontem a CPI dos Correios fez sua primeira prisão. Ninguém menos que Marcus Valerius. Ainda não foi a vez do mineiro, mas o Valerius que foi passear de mãos dadas com a Polícia do Senado guarda muitas semelhanças com o suposto operador do mensalão. Além do nome e da careca, o advogado Marcus Valerius Macedo tem em comum com o sócio da SMPB o sarcasmo.

Depois de irritar os parlamentares da CPI dos Correios respondendo com ironia às perguntas, o funcionário da empresa de transportes Skymaster foi preso em flagrante por desacato a funcionário público. O caldo entornou quando o deputado Geraldo Tadeu (PPS-MG) sugeriu quebrar os sigilos bancários e telefônicos do advogado e de sua família. Valerius prontamente respondeu:

- E da mãe?

Indignado, o deputado disse que foi desacatado e bradou pela prisão do depoente. O presidente da CPI dos Correios, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) atendeu ao pedido do parlamentar mineiro e o advogado amazonense foi fazer turismo em uma prisão de Brasília.

Em um outro depoimento, o segurança da Skymaster Francisco Marques Carioca afirmou que fazia saques em uma agência do Bradesco em Manaus a pedido de Marcus Valerius. Ontem o advogado não quis responder aos parlamentares sobre o destino de R$ 1,036 milhão sacado em espécie das contas da firma, entre fevereiro de 2000 e julho de 2001.

O surgimento de um clone do suposto operador do mensalão mostra que errou feio quem pensou que o ex-deputado Roberto Jefferson estava sendo muito específico quando disse que o segredo das articulações do mensalão passava por um ''carequinha'' chamado Marcos Valério. Depois de sete meses de investigação, o escândalo revela-se vivo, pelo menos no que diz respeito ao surgimento de figuras pitorescas.

Marcos Valério também esteve prestes a ver o sol nascer quadrado, mas foi salvo pelo Supremo Tribunal Federal que rejeitou o pedido de prisão.