Correio Braziliense, n. 22575, 08/01/2025. Cidades, p. 15

Janeiro tem queda em casos de dengue
Letícia Guedes


Na primeira semana de 2025, o Distrito Federal registrou queda de 97,6% no número de casos de dengue em comparação ao mesmo período de 2024. Foram 196 casos este ano e 8.228 nos primeiros sete dias de 2024. A informação foi divulgada ontem pela governadora em exercício Celina Leão (PP) e representantes de órgãos envolvidos na força-tarefa contra a doença.

“Nós tivemos um surto no ano de 2024, que foi enfrentado por este governo de forma concentrada, montamos tendas, fizemos procedimentos para que os pacientes pudessem ser atendidos de forma mais rápida do que, inclusive, na rede privada, foram mais de 400 mil atendimentos”, disse Celi na Leão, em entrevista coletiva. A governadora em exercício alertou, porém, que, apesar do declínio, não há espaço para recuo no que diz respeito às ações de combate.

Na coletiva, os gestores falaram sobre estratégias do GDF contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil do DF, destacou que a situação esperada para 2025 é diferente da que foi vivida em 2024, mas que o governo se preparou para o pior cenário possível.

“O número de casos e o perfil da doença, neste ano, é muito diferente do ano passado e de 2023. Isso também se dá pelas ações que foram desenvolvidas ao longo do ano, visando minimizar o impacto da dengue em 2025. Nós estamos aqui com toda a equipe de governo referente ao combate à dengue”, enfatizou. A força-tarefa foi criada pelo governador Ibaneis Rocha em 2024, é composta por 11 órgãos e coordenada pela Casa Civil.

O secretário salientou que, em razão da epidemia vivida no ano passado, o GDF implementou ações e procedimentos antes não adotados. Ele também comentou sobre o aumento das equipes. O DF tinha 415 agentes de vigilância ambiental (AVA) e, este ano, serão 915. Os número de agentes comunitários de saúde (ACSs) passou de 800 para 1,2 mil. Eram 81 auditores na linha de frente e, agora, são 131. A Defesa Civil também ampliou o número de agentes de 70 para 109, com uma dupla destacada para cada uma das regiões administrativas do DF. “Também trabalharemos com tecnologia, com o uso de drones e a implementação do aplicativo com georreferenciamento dos focos da doença”, completou.

Em 2023, foram 44.483 casos prováveis de dengue. No ano passado, o número de registros explodiu. Foram mais de seis vezes esse montante, com 278.301 casos prováveis. 

Aplicativo

Citado pelo chefe da Casa Civil, o aplicativo é o e Visitas, utilizado pelos agentes para fazer o controle vetorial digitalmente com o apoio de 657 smartphones. Também será ampliado o uso de ovitrampas — armadilhas constituídas de um vaso de planta preto, no qual é adicionada água, uma palheta de madeira e uma substância atrativa para o mosquito — com um total de seis mil neste ano.

O número de estações disseminadoras de larvicida (EDLs) também foi aumentado, passando de 2,3 mil para cerca de 4 mil. Já instaladas no Sol Nascente/Pôr do Sol, os gestores informaram que a ideia é que as estações cheguem, neste ano, à Água Quente e ao Recanto das Emas.

Os integrantes da mesa destacaram que há preparação para eventuais situações. “Desde julho, lançamos o plano de contingência composto por estágios, com uma análise feita diariamente para cada mudança do cenário, elevando a escala de risco, se necessário”, pontuou o subsecretário de Vigilância à Saúde da Secretaria de Saúde, Fabiano dos Anjos.

Limpeza

Para alertar a população sobre deveres e cuidados com o mosquito, estão sendo instaladas placas informativas em pontos de descarte irregular. Está prevista a colocação de 200 equipamentos em diversas regiões do DF, visto que o problema contribui para a proliferação do Aedes aegypti.

O secretário de Governo, José Humberto Pires, lembrou que, desde o ano passado, no período anterior às chuvas, o governo iniciou as ações de limpeza e zeladoria, como poda de árvores, limpeza de bueiros e remoção de entulho. “Vamos reforçar esse trabalho da zeladoria, sobretudo no sentido do lixo e da água parada, de manter as nossas equipes sempre na rua”, adiantou.

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) dividiu os trabalhos em seis regionais e ampliou a limpeza de bocas de lobo com caminhões de sucção e hidrojateamento. O trabalho, que antes era feito de forma manual e superficial, agora é executado por um sistema de limpeza com caminhões para fazer a sucção dos resíduos sólidos e a limpeza das bocas de lobo. Desde a contratação do serviço, a Novacap limpou 800 quilômetros de um total de 4 mil quilômetros de rede de drenagem.

Neste ano, o SLU vai ampliar a coleta para mais um turno. Além disso, estão previstas a troca de 4 mil lixeiras e a instalação de mais 100 papa-lixos e 20 papa-entulhos.

O secretário-executivo de Proteção da Ordem Urbanística – DF Legal, Francinaldo Oliveira, informou que a pasta intensificou as ações de fiscalização. No ano passado, foram mais de 21 mil, que geraram cerca de R$ 4 milhões em multas. Este ano, o valor da punição varia de R$ 2,9 mil a R$ 29 mil, podendo chegar a R$ 200 mil.

Vacina

A importância da vacinação dos jovens de 10 a 14 anos, que compõem o grupo prioritário estabelecido pelo Ministério da Saúde, foi reiterada pelo GDF. Receberam a primeira dose 46% desse grupo, mas apenas 18,9% completaram o ciclo vacinal. Atualmente, 17 mil doses estão disponíveis na rede pública de saúde.

Gama

Celina Leão também participou ontem da reabertura do Restaurante Comunitário do Gama. Com a reforma, a previsão é servir 1,45 milhão de refeições por ano no espaço, o triplo de 2024. inaugurado em 2010, é o 12º restaurante comunitário do DF a oferecer três refeições a preços acessíveis: café da manhã (R$ 0,50), almoço (R$ 1) e jantar (R$ 0,50).