O Globo, n. 32.299, 11/01/2022. Economia, p. 12
Refis: Bolsonaro diz ter certeza que seu
veto será derrubado
Daniel Gullino
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que tem “certeza” que o Congresso vai
derrubar seu veto ao projeto que permitia a renegociação de dívidas de pequenas
e microempresas. O presidente disse que o governo dará uma “solução parcial”
depois de vetar o Refis para empresas enquadradas no Simples e
Microempreendedores Individuais( MEIs).
Bolsonaro disse a questão será “solucionada” se o veto for derrubado.
O
projeto, vetado por Bolsonaro na semana passada, permitia o parcelamento de R$
50 bilhões de dívidas de pequenas e microempresas. O risco de ferira Lei
Eleitoral levou o presidente a vetar o projeto. Segundo a equipe econômica, que
recomendou o veto total ao projeto, o Refis representa renúncia tributária para
a qual não há compensação prevista, conforme determina a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF).
Portaria em estudo
Em
entrevista à rádio Sarandi, Bolsonaro disse que haverá uma decisão sobre o tema
até hoje. No sábado, ele havia mencionado a edição de medida provisória (MP) ou
portaria.
—
Hoje (ontem) devemos ter uma decisão para atender o pessoal do MEI que contraiu
empréstimos por ocasião da pandemia, para que seja renegociado isso, sim.
Pretendemos uma solução parcial agora e, coma voltado Parlamento, tenho certeza
que o Parlamento vai derrubar o veto.
Bolsonaro
conta coma açã odo Congresso. O projeto foi aprovado
com largamaioria. Foram 382 votos favoráveis e dez
contrários. No Senado, a aprovação foi por votação simbólica:
—
O Parlamento derrubando o veto, que eu espero… Espero
não, tenho certeza que vai derrubar o veto, a questão estará solucionada.
Bolsonaro
disse ter conversado com Paulo Guedes, ministro da Economia, e uma portaria
deve ser editada para atender a 75% dos pequenos e microempresários com dívidas
com a União.
—
Não posso responder a processo por crime de responsabilidade ou junto ao TSE
por questão que em poucas semanas a gente pode solucionar.
Em
outro momento, em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro admitiu que é
improvável que alguma das principais reformas que estão no Congresso sejam
aprovadas. Disse que gostaria que a reforma administrativa avançasse
mas que, em ano eleitoral, parlamentares não desejam pagar o preço da aprovação
de pautas polêmicas. Acrescentou que a possibilidade de o tema ser usado em
campanha dificulta a negociação com os congressistas:
— Agente gostaria que a reforma administrativa avançasse. Mas
eu tenho sete mandatos de deputado federal e, nesses anos que tem eleição para
presidente, senadores e deputados, são anos difíceis, não tem negociação. O
parlamentar no final das contas vê onde vai pagar o preço daquele voto
contrário ou favorável a tal proposta.