Correio Braziliense, n. 22575, 08/01/2025. Cidades, p. 13

Respeito às instituições da República



Criminólogo e pesquisador vinculado ao Grupo Candango de Criminologia da UnB, Welliton Caixeta Maciel afirmou que, dois anos depois do 8 de Janeiro, é possível observar o “forte caráter simbólico” que as condenações pelos crimes cometidos tiveram. “A responsabilização penal dos golpistas condenados foi e continua necessária para servir de exemplo para toda a população brasileira de como não se deve tratar os poderes constitucionalmente constituídos, as instituições da República e o patrimônio público. É fundamental que não haja anistia para os condenados pelos atos antidemocráticos”, alertou.

O especialista ressaltou que a violência física e patrimonial foram, em sua maioria, praticadas por indivíduos que não residiam no Distrito Federal, revoltosos e manipuláveis — dados da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF) dão conta de que, dos mais de mil detidos à época, a grande maioria foi transferida para seus estados de origem.

“Diante disso, Brasília mostrou, mais uma vez, sua força enquanto a capital do jogo político, do diálogo, da possibilidade do consenso, da reconstrução e da união”, ressaltou Caixeta.

Segundo o especialista Leandro Gabiati, depois dos últimos atentados, “estamos com um saldo positivo”.

“A capital está mais preparada, com uma série de protocolos mais rígidos, para reagir a esse tipo de situação”, pontuou. “Além do STF e Congresso Nacional, o GDF também tem uma série de padrões e procedimentos para agir de forma rápida e eficiente, diante de eventuais manifestações violentas ou que pretendam ameaçar a democracia”, comentou.

Célula de inteligência

Desde dezembro do ano passado, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) instituiu uma célula presencial de inteligência em Brasília, que tem como objetivo aprimorar a segurança, aumentando a vigilância e a coordenação entre as forças de segurança, para evitar situações críticas na capital da República.

O foco da célula é em ações preventivas que incluem o monitoramento de redes sociais e a identificação de movimentações suspeitas que possam indicar atividades de caráter terrorista. Ela está vinculada à Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (Dpcev), criada após um homem tentar um ataque a bomba contra o STF, em novembro.

A criação da célula presencial de inteligência envolve a colaboração de diversos órgãos, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e as polícias do Senado Federal, do Supremo Tribunal Federal (STF), da Câmara dos Deputados, Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF). Inicialmente, a estrutura ficaria ativa até 12 de janeiro, mas há intenção de torná-la permanente.

O secretário-executivo de Segurança Pública, Alexandre Patury, explicou que a célula realiza varreduras em redes sociais e jornais, além de checar denúncias anônimas, tornando a investigação mais célere e funcional, com todas as forças atuando ao mesmo tempo e trocando informações. Segundo ele, com isso, é praticamente impossível organizar uma mobilização sem que a nova célula consiga rastrear.

Patury afirmou que o esquema de segurança do Distrito Federal é um dos mais robustos do país. Além de um batalhão de polícia específico para a Esplanada dos Ministérios, todas as casas dos Poderes têm equipes de segurança efetivas. De acordo com o secretário executivo, caso seja necessário, a SSP poderá aumentar o efetivo conforme as indicações e o que for apontado pela célula.

“Estamos preparados para cenários improváveis, mas, caso algo aconteça, estaremos prontos para reagir prontamente”, garantiu.