Correio Braziliense, n. 22577, 10/01/2025. Brasil, p. 6

Governo tenta se antecipar a avanço da dengue
Maria Beatriz Giusti


O Ministério da Saúde pretende adquirir, este ano, 9,5 milhões de doses da vacina contra a dengue.

A medida, anunciada ontem pela ministra Nísia Trindade, faz parte de um plano de contingência para conter o avanço de casos de dengue, chikungunya e zika. Segundo a própria pasta, em 2024 o Brasil registrou 6,4 milhões de casos prováveis de dengue e 6 mil óbitos.

Para acompanhar esse planejamento e fazer eventuais correções de rumo, o ministério instalará o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses.

Entre as medidas contra a dengue, haverá a ampliação do uso de tecnologias de controle do vetor da doença, por meio da implantação de insetos estéreis. Está prevista a borrifação em áreas de grande circulação de pessoas, como creches, escolas e asilos, e também a implementação de 150 mil estações disseminadoras de larvicidas — utilizados para controlar as larvas de mosquitos.

“Seguimos a lógica de que ‘prevenir é sempre melhor do que remediar’, o que inclui medidas simples que cada cidadão pode adotar, como dedicar ao menos 10 minutos semanais para eliminar possíveis focos do mosquito em casa e nas proximidades”, propôs a ministra.

“Estamos avançando na implementação da tecnologia Wolbachia, que estará em 44 novas cidades. Utilizamos em larga escala os insetos estéreis (machos do mosquito Aedes aegypti esterilizados), recomendados por especialistas para áreas de preservação ambiental e comunidades indígenas”, acrescentou o secretário adjunto da Vigilância em Saúde e Ambiente, Rivaldo Venâncio.

O ministério informou que 5,5 milhões de doses foram enviadas aos estados e ao Distrito Federal. Mas não há disponibilidade de imunizantes em larga escala devido à limitação de produção do laboratório.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina Qdenga para crianças entre 10 e 14 anos.

De acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), essa faixa etária sofre maior risco de hospitalização pela doença. Nísia argumentou que o aumento dos casos de dengue se deve, principalmente, às mudanças climáticas, com chuvas muito fortes seguidas de secas extremas.

Frase

“Seguimos a lógica de que ‘prevenir é sempre melhor do que remediar’, o que inclui medidas simples que cada cidadão pode adotar, como dedicar ao menos 10 minutos semanais para eliminar possíveis focos do mosquito em casa e nas proximidades”

Ministra Nísia Trindade, da Saúde