Correio Braziliense, n. 22578, 11/01/2025. Política, p. 3
Um apelo da ONU
Regulamentar discurso de ódio na internet “não é censura”, disse o alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, Volker Türk, ontem, depois de a Meta suspender seu programa de verificação de fatos nesta semana.
“Autorizar discursos de ódio e conteúdos prejudiciais na internet tem consequências no mundo real. Regular esse conteúdo não é censura”, enfatizou Türk, na rede social X, cujo proprietário, Elon Musk, acusou os programas de verificação de informações de censurar vozes conservadoras.
O alto comissário fez um apelo à “responsabilidade e governança no espaço digital, em conformidade com os direitos humanos”, acrescentou.
A gigante da tecnologia Meta, empresa matriz do Facebook, anunciou na terça-feira a suspensão de seu programa de verificação de fatos.
A medida ocorre no momento em que os republicanos dos EUA, assim como o empresário Musk, que é próximo do presidente eleito Donald Trump, reclamaram nos últimos anos sobre os programas de verificação de fatos, considerando-os uma forma de “censura” Questionada sobre a presença da ONU nas redes X e Meta, Michele Zaccheo, oficial de comunicações da ONU em Genebra, disse que as Nações Unidas “monitoram e avaliam constantemente” esses espaços on-line.
“É importante que estejamos presentes com informações baseadas em fatos, e é isso que defendemos”, acrescentou.
“Ainda não sabemos como isso vai evoluir”, mas “neste momento, continuamos pensando que é importante estar presente nessas plataformas, apresentar as informações baseadas em evidências.” A porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, presente na coletiva de imprensa, acrescentou que o papel dessas redes para a organização “é fornecer boa informação científica sobre saúde e devemos fazê -lo onde as pessoas procuram, portanto, estaremos presentes em todas as plataformas, na medida do possível”.