Título: Serviço reprovado
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2006, Opinião, p. D2

Os dados constam de pesquisa de avaliação de satisfação dos usuários de empresas de ônibus que foi realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em dezembro de 2005: as sete empresas que ligam cidades do Entorno a Brasília receberam notas inferiores a 5, numa escala de 1 a 10. A média geral nos pontos avaliados ficou em 4,6. Todas elas foram reprovadas nos nos capítulos conforto, pontualidade e limpeza. Em termos de conforto, as empresas ganharam em média nota 4. O que mais pesou, no caso, foi a superlotação, seguida pela exposição às condições ambientais, em especial à chuva e à poeira. No quesito pontualidade as notas ficaram em torno de 4,1. Fica apenas ligeiramente abaixo da avaliação da limpeza.

Registre-se que são todas elas questões essenciais para os usuários. Em nenhum local se admite a impontualidade em linhas regulares de ônibus, tanto assim que nos países que encaram o transporte público com seriedade costuma afixar-se em cada ponto os horários de passagem dos veículos, assim como os de partida e chegada das linhas. Nada disso se respeita na região, mostra a pesquisa.

O desconforto dos ônibus, tanto dos que servem o Entorno quanto os que operam apenas dentro do território do Distrito Federal é notório. Em grande parte são velharias, ainda por cima mal conservadas. A falta de competitividade real leva ao agravamento desse problema.

Não se resiste aí a uma análise custo-benefício. A pesquisa da ANTT calculou para 2005 a média de R$ 3,07 para os ônibus que servem o Entorno. Corresponde a um dólar e meio por viagem, sem direito ao chamado transfer, a passagem combinada. Nem em Manhattan se paga tanto por um percurso dessa natureza. Pior, essas empresas - cinco - contam com enorme público cativo. Em 2005, transportaram cerca de 80 milhões de passageiros. Alguma coisa está muito, mas muito errada no transporte coletivo do DF.