Título: Até R$ 1 mil para renovar cadastro
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2006, Economia & Negócios, p. A17,18

O cliente que tiver coragem de se aventurar em uma pesquisa de tarifas bancárias terá muitas surpresas. Cestas de serviço com padrão semelhante variam, entre os grandes bancos acompanhados pelo Procon-SP, de R$ 17 (pacote especial da Caixa Econômica Federal) a R$ 34 (Premier, do HSBC). Ou seja, a troca pode representar economia de 50%. Entre essas instituições, a tarifa de renovação de cadastro vai de zero, no Itaú, a R$ 19,50, no Unibanco. Segundo pesquisa do BC, porém, há bancos cobrando R$ 1 mil por ano pelo serviço (caso do Fidis).

A taxa mensal pela manutenção de conta corrente, entre os grandes, varia entre R$ 6 (Caixa Econômica e Nossa Caixa) e R$ 7,95 (Unibanco a partir de 1º de fevereiro), diferença de 32,5%. Segundo o BC, a cobrança no setor bancário vai de zero a R$ 500 (este último valor, no alemão Dredsner Bank).

As tarifas por saques variam entre R$ 1,20 (Nossa Caixa, Santander e Banespa) a R$ 1,50 (Banco do Brasil). Há os que nada cobram e, ainda, os que tabelam o serviço em R$ 20 (BMG, pioneiro no crédito consignado, hoje investigado pelas CPIs).

O DOC para terceiros efetuado em agência custa R$ 11,95 no Unibanco ou R$ 15, no Banco do Brasil - diferença de 25%. Tal serviço costuma ter taxas reduzidas quando feito pela internet ou pelo atendimento telefônico. Na Caixa Econômica, por exemplo, o preço cai 50%, de R$ 12 para R$ 6, se o cliente optar pelos meios eletrônicos.

A propósito, nem sempre serviços eletrônicos, como acesso pela internet e atendimento telefônico são gratuitos. O Itaú, por exemplo, cobra R$ 1,50 pelo atendimento personalizado via telefone. É preciso ter atenção também aos cheques depositados e emitidos, que têm sido alvo de cobranças. Ou seja, paga-se até quando se recebe muito depósito ou se passa cheque acima de um determinado teto, que pode ser inferior a 20 por mês.

O professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) Luiz Carlos Ewald orienta os consumidores a conversar com seus gerentes e contratar a cesta de serviços mais adequada às suas necessidades.

- É preciso ver bem o consumo mensal de cada serviço para não pagar tarifas além da cesta nem pagar por serviço não utilizado. O cliente não pode desconfiar da oferta das cestas pelos bancos somente por acreditar que bancos jamais concedem vantagens. Para o banco, a cesta é a fidelização de seu cliente.

Autor do livro Sobrou Dinheiro!, Ewald lembra, ainda, que alguns bancos instituíram a cobrança por cheque emitido inferior a um valor mínimo (que gira em torno de R$ 30), em média de R$ 0,50, e a valores superiores a um máximo (em torno de R$ 5 mil).

Os clientes devem estar atentos, ainda, ao fato de que, embora estejam sendo desestimulados pelos bancos a usar as agências, muitas instituições começaram a cobrar pelos serviços eletrônicos - como acesso à internet e atendimento telefônico - sem aviso prévio. Para cobrar tarifas, a criatividade do setor financeiro tem se mostrado sem limites.