Título: País em choque com acidente de trem
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/01/2006, Internacional, p. A8

PODGÓRICA, Montenegro - Um trem que levava 300 passageiros descarrilou e vários de seus vagões despencaram de uma altura de 30 metros ontem, matando pelo menos 39 pessoas. O acidente foi provavelmente provocado por um problema no sistema de freios. Foram registrados ferimentos em 135 pessoas, entre elas, cerca de 50 crianças

O acidente aconteceu pouco antes das 17h, próximo à localidade de Bioce, a 15 quilômetros ao Norte da capital de Montenegro, Podgórica, seu destino. Foi quando a maioria de seus vagões caiu no cânion do rio Moraca.

O número de mortos e feridos foi anunciado pelo governo de Montenegro durante uma entrevista coletiva, quando equipes de socorro, policiais e militares ainda procuravam feridos. Àquela altura, o presidente e o primeiro-ministro de Montenegro, Filip Vujanovic e Milo Djukanovic, respectivamente, já tinham ido para o local da tragédia.

- Uma tragédia terrível acontenceu em Bioce, e estamos fazendo tudo para reduzir o número de vítimas fatais tanto quanto possível - disse o presidente.

Logo em seguida, o ministro do Interior, Jusuf Kalamperovic, anunciou que seria aberta ''uma investigação rigorosa'' sobre o acidente, um dos mais graves já registrados no país.

Foi Kalamperovic quem anunciou que os resultados já apontavam para uma falha no sistema de freios como a causa do desastre.

As principais dificuldades das equipes de resgate eram o difícil acesso à região e os fortes ventos do cânion. Também atrapalharam as dezenas de curiosos que correram para o local do acidente. E o acidente só não foi mais dramático porque pedras, arbustos e árvores impediram que os vagões caíssem na água - a composição ficou a 40 metros do leito do rio.

Para atender às vítimas, o centro clínico de Podgórica deu alta a todos aqueles cuja internação era dispensável. Lá também, o prédio foi cercado por uma multidão, mas eram pessoas que já procuravam que achavam poder estar entre os feridos ou mortos. Algumas vítimas chegaram nos porta-malas de carros particulares. O Ministério da Saúde pediu população que doe sangue.

Um sobrevivente contou a jornalistas que escapou porque o vagão em que estava, o último, ficou retido em um túnel.

- Tivemos sorte - disse Ivan Stanic, que disse ter ouvido gritos de pânico e visto vários corpos sobre as pedras. Também ouviam-se celulares abandonados tocando no meio do mato.