Título: Família luta por justiça
Autor: Cristiane Madeira
Fonte: Jornal do Brasil, 24/01/2006, Brasília, p. D5

Em entrevista exclusiva ao Jornal do Brasil, o pai da vítima e militar da reserva Carlos Augusto Teixeira Filho, 55 anos, e o único irmão, o advogado e professor de Direito Penal Carlos Henrique Nora Teixeira, 30 anos, falam sobre como fazem diariamente para transformar a dor que sentem em luta. A perda que sofreram, em briga por justiça e pela condenação de Rodolpho. Ao invés de lamentos e dor, Carlos Augusto e Henrique mostram firmeza, determinação e força para lutar. Dizem que não vão sossegar até que o estudante seja condenado na Justiça pelo que fez.

- Não quero dar a ele a chance de esperar um processo fácil pela frente. E não quero para a sociedade uma pena simbólica - enfatiza o irmão da vítima, que atua no caso como assistente da promotoria.

Ele justifica a afirmação dizendo que se houver apenas uma punição-símbolo, surgirão diversas pessoas como Rodolpho, que segundo afirma, fazia rachas pela cidade com frequência.

Os dois dizem com convicção que o fato ocorrido naquele 24 de janeiro de 2004 não foi acidente, e sim, crime. Por alguns momentos, o pai de Francisco chega a se referir a Rodolpho como um delinqüente e criminoso.

- Ele não tem respeito pela vida humana, por ninguém. Um rapaz que praticou ao longo da vida somente agressões, uma atrás da outra. Isso pode ser visto pelo histórico. Uma pessoa que está aparentemente quieta agora, em função da ameaça que paira sobre Rodolpho com esse processo. Ele fazia, acontecia e as coisas continuavam. Num determinado momento, ele trouxe essa tragédia para nossa família e nós não vamos deixar isso passar - diz.

Carlos Augusto analisa o lugar e as circunstâncias em que tudo aconteceu.

- Ainda tem gente que pára hoje na Ponte JK para tomar uma cerveja, leva a família, vai namorar. Meu filho teve morte instantânea com a batida, o carro ficou todo destruído e enganchado no meio da pista. A dimensão que isso podia ter tomado para outras pessoas é imensa, mas graças a Deus não aconteceu. A Justiça precisa enxergar esse risco - afirmou Carlos Augusto.

O pai da vítima ainda atribui parte da culpa pelo comportamento de Rodolpho, ao caráter e educação transmitidos ao jovem pelos pais.

- Às vezes penso que deveria haver uma punição não só para ele, mas para o pai e a mãe, que dão total apoio ao filho para que cometa essas barbaridades por aí. Porque quem dá os carros que ele destrói são os pais. Um estudante de 21 anos dificilmente teria como comprar os carros que se acabaram com esses rachas, nada menos que Mercedes, BMW, Fiat Marea, Honda Civic - opina o militar da reserva.