Título: No Rio, o partido da estrela cadente
Autor: Sergio Duran
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2006, País, p. A3

Pesquisa revela perda de eleitorado e aumento do índice de rejeição do PT

O eleitorado do Rio de Janeiro vai cobrar caro do PT o preço da crise política que atinge o governo. A oito meses das eleições, a terceira rodada da pesquisa IBPS-JB revela que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria 23,1% das intenções de voto caso se candidate à reeleição. Isso representa 1,5 milhão de votos a menos do que o obtido no estado em 2002, quando atingiu índices de 40,1% no primeiro turno. O PT também chegou ao maior índice de rejeição no estado com 23,7% distante do PMDB, em segundo com 6,1%, e do PFL com 3,94%.

Tradicionalmente, o PT mantinha nos últimos 10 anos um índice de rejeição próximo a 16%. A pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social entre os dias 12 e 17 de janeiro ouviu 2.540 entrevistados que revelaram mais dados que mostram a debandada de eleitores do partido da estrela. Ao optar pelo pré-candidato Vladimir Palmeira para a disputa do governo estadual, o partido perderia aproximadamente 2 milhões de votos em comparação ao desempenho de Benedita da Silva em 2002. Vladimir aparece com 1,9% dos votos, bem abaixo dos 19,4% obtidos por Benedita - derrotada em 2002 pela atual governadora Rosinha Matheus.

Apesar de o PT ainda ser o partido com o maior percentual de votos de legenda, com 13,5%, seguido do PMDB com 6,1%, também é observada queda na comparação com 2002, quando obteve 19,1% desses votos. Os números mostram que a derrocada iniciada com as denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson do mensalão praticado na Câmara e a confissão pública de caixa 2 acertaram em cheio os eleitores mais fiéis ao partido.

O coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, Gleber Naime, admitiu que a crise pode ter influência na queda do eleitorado, embora ache cedo para serem feitos levantamentos junto às urnas. Segundo ele, o partido fez mudanças internas que ajudaram a debelar a crise.

- O andamento das investigações estão demonstrando empenho. A reforma política também é necessária e é uma bandeira do partido. Quem atacou o PT não fez nenhum esforço pela reforma. O PT não vai ser julgado sozinho, mas toda a estrutura política brasileira.

Para o secretário-geral Raul Pont falta o PT prestar contas quanto aos cinco parlamentares processados pelo Conselho de Ética por receberem recursos de Marcos Valério: Professor Luizinho (SP), João Paulo Cunha (SP), José Mentor (SP), Josias Gomes (BA) e João Magno (MG), além de Paulo Rocha (PA), que renunciou.

- Até hoje, só o (ex-tesoureiro) Delúbio Soares, passou pela Comissão de Ética do partido. Não basta CPI, o PT tem que ter seu julgamento de mérito senão ficará devendo aos militantes e à sociedade.

A pesquisa mostra que o enfraquecimento das candidaturas majoritárias no PT também atingiu o grupo político de Anthony Garotinho, atual secretário estadual de Governo e pré-candidato à presidência pelo PMDB. Garotinho teria 15,1% das intenções de voto, uma perda de 1,376 milhão de votos em comparação com a votação obtida em 2002. O senador Sérgio Cabral, pré-candidato ao governo do estado teria 22,4% dos votos fluminenses, uma queda de 1,9 milhões de votos comparados aos obtidos por Rosinha em 2002.

Se as eleições fossem hoje despontam os nomes para a eleição de deputado federal os atuais deputados: Chico Alencar (P-SOL), Jair Bolsonaro (PP) e Fernando Gabeira (PV). Dois ex-petistas, Alencar e Gabeira são críticos da minguada verba federal destinada ao estado nos quatro anos de governo Lula, mais um fator que pode ter contribuído para a perda do eleitorado. Já para deputado estadual largariam na frente o ex-prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, a vereadora Rosa Fernandes (PFL), e o ex-prefeito de Cabo Frio Alair Corrêa (PSDB).

Os cálculos da pesquisa consideram o aumento do eleitorado de 2002 a 2006 em 11,5%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 62/2006. A margem de erro é de 2%.