Título: Assunto em rodas de amigos
Autor: Josie Jeronimo e Sergio Duran
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2006, País, p. A4

Há trinta anos eles se reuniam para defender a importância do voto e a expressão das opiniões, hoje, em seus encontros, a geração que enfrentou a repressão de militares pela democracia discute o voto nulo como principal forma de protesto.

- Tenho vergonha pelas pessoas que morreram acreditando em novas propostas para chegarmos onde chegamos - desabafa a bacharel em Letras Marta Viveiros que participa de um grupo de professores universitários que se reúne em um bar do Humaitá para fazer campanha pelo voto nulo nas eleições de 2006.

A politização do nulo é o argumento mais repetido pelos cidadãos que pretendem desistir de sua participação nas urnas. A estudante Aline Moreira Magalhães diz que a desilusão à democracia chegou ao auge no governo Lula.

- Quem vota em branco não opina, mas reconhece a eleição. O nulo deslegitima a consulta - argumenta.

Entre os que optam pela anulação, há quem chegue ao ponto de defender a incursão do voto nulo no horário eleitoral:

- A lei eleitoral garante que toda parcela de voto tem tempo gratuito em televisão. Se até o PCO, que consegue uma porcentagem menor do que a de brancos e nulos tem tempo, por que não o voto nulo? Estamos pensando em entrar com pedido no TSE. É óbvio que a gente vai perder, mas o voto em branco tem até tecla na urna - brinca o jornalista Luiz Rodolfo de Castro.