Título: Emprego formal desacelera
Autor: Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 19/01/2006, Economia & Negócios, p. A19

Criação de vagas com carteira assinada recua 17,7% em 2005, e ministro culpa juros

BRASÍLIA - O número de vagas com carteira assinada cresceu em 2005, mas em ritmo menor que o registrado no ano anterior. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, o emprego com registro cresceu 5,09% em 2005, o equivalente à geração de 1,254 milhão de postos de trabalho. Na comparação com 2004, no entanto, quando foram gerados 1,523 milhão de empregos, houve uma queda de 17,7% no número de novas vagas. De acordo com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, os juros praticados em 2005 teriam influenciado o crescimento menor. A expectativa, agora, é de que este ano seja melhor, chegando ao mesmo patamar de 2004.

- Temos que comemorar o saldo de 2005. Tivemos uma média, neste ano, de 104 mil empregos criados por mês. Se compararmos com os Estados Unidos, estamos com uma velocidade maior - comparou Marinho.

Em números absolutos, foi o segundo melhor resultado divulgado pelo Caged, atrás apenas do saldo de empregos obtido em 2004. Os setores que mais se destacaram foram o de Serviços, com 569.705 vagas criadas, um crescimento de 5,87% em relação a 2004, seguido por Comércio, com expansão de 6,98%, ou 389.815 postos. Já a Indústria de Transformação gerou 177.548 postos, respondendo por uma expansão de 3,01% em relação a 2004. O número de vagas na Construção Civil aumentou em 8,44%, com a criação de 85.053 postos. Por outro lado, a agropecuária, que atravessou um ano difícil, com quebra de safra e descoberta de focos de febre aftosa, registrou queda de 1%, eliminando 12.878 postos.

Nos 36 meses do governo Lula, foram gerados 3,422 milhões de empregos com carteira, um crescimento de 15,23%. Em dezembro, o emprego com carteira registrada caiu 1,1%. A variação do mês equivale à perda de 286.719 postos de trabalho.

- Apesar desta queda, foi o melhor resultado de dezembro, que é um mês sazonal - destacou Marinho.

Ainda em dezembro, foi verificada queda do emprego em praticamente todos os setores de atividade, especialmente os que estão vinculados à influência de fatores sazonais negativos, como agropecuária (entressafra), serviços (por conta do término do ciclo escolar) e indústria (devido à redução da demanda).

Para este ano, a expectativa é gerar cerca de 1,5 milhão de empregos com carteira assinada. A previsão fica bem próxima ao que foi gerado em 2004, ou seja, 1.523.276 postos de trabalho.

- Nossa aposta é que a economia será como a de 2004, gerando uma média mensal de cem mil empregos por mês. Estamos trabalhando para que a economia gere emprego - disse Marinho.

Segundo ele, a meta é terminar o governo com 8 milhões de empregos gerados, contando formais e informais. Ele prevê que os setores que deverão liderar em termos de criação de vagas são os de serviços e de construção civil, sendo que este último, deverá apresentar um desempenho tão bom ou melhor quanto em 2005.