Título: Crédito imobiliário crescerá 40%
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Fonte: Jornal do Brasil, 19/01/2006, Economia & Negócios, p. A20

Bancos privados querem elevar oferta de recursos para habitação em R$ 6,7 bi

O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve se reunir na quinta-feira da próxima semana para definir a meta de expansão do crédito imobiliário para 2006. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) concordaram em definir a alocação de R$ 6,7 bilhões para a habitação.

Esse montante representará uma evolução de 40% em relação a 2005, quando os bancos direcionaram a quantia recorde de R$ 4,793 bilhões para o financiamento de 60.769 moradias com recursos da poupança.

Essa meta deve valer para todo o ano de 2006. No ano passado, o CMN fixou metas trimestrais de expansão, que cresceriam de 30% a 50% por trimestre em relação a igual período de 2004.

Esses percentuais foram criados para diluir o impacto de uma resolução de 2004 do CMN que mandava os bancos zerarem o estoque virtual do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais) até agosto de 2007. Se a determinação tivesse sido cumprida, os bancos privados precisariam ter direcionado R$ 12 bilhões no ano passado para a habitação. Mas os bancos e construtoras concordaram que não haveria demanda para todo esse montante.

- Não adianta colocar muito dinheiro no mercado, criar uma falsa expectativa enquanto a renda continuar baixa. Porque o cliente vai ao banco, não consegue crédito por insuficiência de renda e isso gera confusão e prejudica todo mundo - afirmou o presidente da CBIC, Paulo Safady.

Apesar de concordar em diluir a aplicação do FCVS virtual, a CBIC discorda da Abecip sobre o alongamento do prazo para utilização dos recursos. A Abecip quer estender o prazo para dezembro de 2010, mas a CBIC quer que o dinheiro seja totalmente aplicado até dezembro de 2008.

- Não precisamos de metas de expansão. O mercado deveria ser 100% livre. É preciso, agora, criar condições para o mercado usar o crédito disponível - disse Safady.

Quando determinou o retorno da aplicação do FCVS virtual, estimado em R$ 15 bilhões, o CMN pretendia aquecer a produção imobiliária. Esperava-se que a resolução representasse uma injeção de R$ 200 milhões por mês para a habitação.

Os bancos podiam classificar créditos do FCVS como sendo parte do financiamento habitacional exigido pelo governo. O FCVS é um crédito que serve para cobrir o rombo que mutuários do antigo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) deixaram nos bancos privados devido à política de subsídios do governo.

Pelas regras em vigor, os bancos são obrigados a destinar 65% de seus depósitos em cadernetas de poupança ao financiamento habitacional. Uma regra do CMN permite que algumas instituições não cumpram essa norma.

Com agências