Título: Corrêa próximo da cassação
Autor: Fernando Exman
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2006, País, p. A5

Seis deputados já votaram a favor da perda de mandato

O relatório que pede a cassação do presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), será votado hoje. A expectativa é de que o texto seja aprovado já que ontem, até a sessão ser suspensa, seis parlamentares já haviam se manifestado a favor do parecer do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). A votação foi suspensa pelo presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), com o início da reunião do plenário da Câmara.

Corrêa é acusado de receber dinheiro do empresário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão. Marcos Valério admitiu o repasse de R$ 4,1 milhões ao PP por intermédio do assessor do partido João Cláudio Genu.

O presidente do PP admitiu ter recebido R$ 700 mil, que teriam sido usados para pagar a defesa do ex-deputado Ronivon Santiago (AC). O montante não foi registrado nas contas do partido. Corrêa alega que a decisão de pedir dinheiro ao PT foi do partido e não pessoal.

Na sessão da tarde de ontem, o deputado Benedito de Lyra (PP-AL) apresentou voto em separado, no qual rechaçou as acusações contra o colega. Ele pediu, porém, a aplicação de pena de suspensão do parlamentar por 30 dias. O voto foi seguido pelo deputado Sands Júnior (PP-GO), que acabou de reassumir a vaga no conselho, substituindo o suplente Pedro Canedo (PP-GO). A substituição levantou novas suspeitas de que haja acordo entre os partidos para preservar o mandato dos parlamentares.

Sands, que ocupava cargo no Executivo de Goiás até a semana passada, argumentou que a troca de deputados já havia sido anunciada pelo governador Marconi Perillo (PSDB).

- A substituição não tem ligações com as posturas de Pedro Canedo no Conselho - justificou o deputado.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) estranhou a coincidência de a substituição ter acontecido poucos dias após Canedo ter se posicionado fora da orientação de seu partido. Já Izar limitou-se a afirmar que se houve acordo, não passou pelo Conselho de Ética.

- Se acordos estão sendo feitos, o Conselho de Ética não vai dar nenhum ingrediente para essa pizza - disse Delgado.

O Conselho de Ética enfrenta dificuldade também no processo de cassação de José Janene (PP-PR). Izar vai pedir que um laudo seja elaborado por uma junta médica indicada pela Câmara para saber se ele realmente sofre de doença cardíaca. Três médicos particulares do deputado disseram que a doença torna desaconselhável a ''exposição a regimes estresse emocional''. Com base na avaliação, advogados pedem a suspensão do processo.

- É o único processo que está atrasado - justificou Izar.

Com agências