Título: ''É síndrome de conspiração''
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2006, País, p. A4

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, afirmou ontem que ''fazem parte da síndrome da conspiração'' as críticas à sua decisão de suspender a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidida pela CPI dos Bingos. Explicou que o julgamento do mérito do mandado de segurança ajuizado por Okamotto será ainda apreciado pelo plenário do STF, e que poderia ter negado o pedido de liminar se o requerimento estivesse ''bem fundamentado''. Jobim foi questionado sobre a disposição de se aposentar e voltar à política. Isso o teria levado a tomar uma decisão mais política do que jurídica:

- Faz parte do jogo. Já conheço essa síndrome há muitos anos. Todas as decisões do Supremo baseiam-se em pressupostos constitucionais. E nesse caso, o pressuposto é o direito ao sigilo, que para ser rompido tem de ter grandes elementos e fundamentações - respondeu

O presidente do STF disse não estar ''agastado'' com as críticas à decisão, e reafirmou que ''basta ler o texto'' do despacho para entender por que suspendeu provisoriamente a quebra dos sigilos de Okamotto:

Na CPI dos Bingos, a base governista comemorou a decisão favorecendo o amigo de Lula, enquanto o discurso dos parlamentares da oposição demonstrava que a CPI não deixará de tentar obter os dados.

O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), ameaçou propor a prorrogação dos trabalhos da comissão como reação à decisão do STF que suspendeu a quebra dos sigilos de Okamotto.