Título: CPI cruza saques do mensalão com dados dos fundos
Autor: Daniel Pereira e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2006, País, p. A3

BRASÍLIA - O sub-relator de fundos de pensão da CPI dos Correios, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), pretende apresentar no relatório final cruzamento das datas das aplicações financeiras feitas por fundos de pensão nos bancos Rural e BMG com os repasses do mensalão. O objetivo é mostrar o suposto desvio de dinheiro de entidades de previdência patrocinadas por estatais para fins políticos.

- Que houve utilização de recursos de fundos de pensão para atender interesses políticos eu não tenho dúvida. Se houve para abastecer o valerioduto, ainda tenho um caminho a percorrer. Vou casar as aplicações no BMG e no Rural com as liberações do mensalão - disse ACM Neto.

Os dois bancos emprestaram R$ 55 milhões a Marcos Valério de Souza em 2003 e 2004. Os recursos foram repassados ao PT. Parte do dinheiro usado para a compra de votos dos parlamentares e para o caixa dois de campanhas eleitorais foi sacado de agências do Rural em Brasília, Belo Horizonte e São Paulo.

Uma das operações consideradas suspeitas pela CPI é a aplicação de R$ 29,5 milhões pela Prece - fundo de pensão da Cedae - somente em 2005 em CDBs (títulos privados) do Banco Rural. O montante representa 49,4% de todos os investimentos do fundo naquele ano nesta aplicação.