Título: Quarteto de Madri marca reunião
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2006, Internacional, p. A10
BRUXELAS - Diante da estrondosa vitória do Hamas nas eleições legislativas palestinas, a ministra israelense das Relações Exteriores de Israel, Tzippi Livni, reuniu-se às pressas com o enviado especial europeu à região, Marc Otte, e pediu que a União Européia aplique uma política de tolerância zero com um futuro Gabinete comandado pelos radicais. O argumento da chancelaria israelense é de que será ''um governo terrorista''.
O bloco está agora em uma situação embaraçosa, pois representa o primeiro apoio financeiro da Autoridade Palestina. Para agravar, o Hamas figura em sua lista de organizações terroristas. Para lidar com a questão, foi convocada para a segunda-feira uma reunião de chanceleres europeus, em Bruxelas.
- Só então vamos expressar as perspectivas de cooperação com o futuro governo palestino - afirmou o alto-comissário da UE, Javier Solana, lembrando que o bloco sempre exigiu que o Hamas renuncie à violência e reconheça o Estado de Israel.
A reação dos Estados Unidos também foi a de não retroceder na exigência de deposição de armas para dar continuidade à negociação de paz, dentro do Mapa do Caminho.
- Um partido político que articula a destruição de nosso aliado Israel como parte de sua plataforma é uma legenda com a qual não vamos negociar - garantiu o presidente, George Bush.
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, deixou claro que Washington continua considerando o Hamas uma organização terrorista, não importa a escolha do povo palestino.
- Eles aparentemente votaram pela mudança, mas acreditamos que suas aspirações para a paz e um convívio pacífico continuam inalterados - disse.
Todos os promotores do Mapa do Caminho (EUA, ONU, UE e Rússia) fizeram ontem à noite uma conferência por telefone para discutir a chegada do Hamas ao governo. Na segunda-feira, voltam a se reunir, desta vez, em Londres.
- Acho que está bem claro para o Hamas que toda a comunidade internacional quer que abandone a violência - resumiu o secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Jack Straw.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, reafirmou a necessidade de o movimento radical aceitar a negociação de paz.
- Qualquer grupo que queira participar de um processo democrático deve, em última instância, se desarmar. Portar arma, entrar na política e conseguir assentos no Parlamento é uma equação fundamentalmente contraditória. Estou certo de que o Hamas também pensa assim - avaliou Annan, no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
A Rússia foi o único país do Quarteto de Madri a sustentar que seu apoio à ANP não muda, independentemente de quem esteja no Gabinete.
- Em primeiro lugar, estamos cooperando com a Autoridade Palestina, liderada pelo presidente Mahmoud Abbas, e não com o resto do governo. Vamos julgar a futura administração por suas ações. E esperamos que a política escolhida por Abbas continue - afirmou Alexander Kalugin, enviado especial do Ministério de Relações Exteriores da Rússia para o Oriente Médio.