Título: Partidos ampliarão alianças no DF
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2006, Brasília, p. D3

Os aliados do governador Joaquim Roriz (PMDB) comemoraram o fim da verticalização. A norma obrigava os estados a repetir as alianças partidárias firmadas nacionalmente. Um dia depois da votação que acabou com a regra eleitoral, os pré-candidatos ao Palácio do Buriti adotaram o mesmo discurso: a decisão da Câmara dos Deputados facilitará a costura de acordos, tornando viável a união do grupo rorizista. Diante desse cenário, abre-se a possibilidade de PMDB, PSDB e PFL marcharem juntos rumo ao Palácio do Buriti. Embora os partidos estejam livres para fazer coligações, a construção do consenso em torno de um único candidato da ala rorizista para disputar as eleições deste ano não será fácil.

Os pefelistas brasilienses - senador Paulo Octávio e deputado José Roberto Arruda -, que disputam a pré-candidatura ao cargo, estão bem cotados nas pesquisas eleitorais, o que dificultaria uma possível aliança com PMDB e PSDB. Todos, no entanto, estão de olho no apoio de Roriz, o maior cabo eleitoral da capital da República.

- O maior beneficiado com a decisão foi o PFL no Distrito Federal, que não está mais limitado a formar uma chapa com o PSDB. O PT local também saiu ganhando, pois as portas estão abertas para uma aliança maior, com PPS, PDT e PCdoB - avaliou o cientista político David Fleischer.

Favorável à queda da verticalização, o presidente regional do PFL, Paulo Octávio, enfatizou que o partido está disposto a formar uma grande composição, desde que tenha a cabeça da chapa majoritária. A vice-governadoria ou a vaga ao Senado, segundo o senador, entrariam nas negociações. O pefelista lembrou ainda que, em 2002, apoiou Roriz ao governo.

- O PFL pretende disputar o Palácio do Buriti e agora é hora de invertemos a posição da eleição passada. Vou lutar pelo meu partido - informou Paulo Octávio.

Apoio - A menos de nove meses das eleições, a disputa fica mais acirrada a cada dia. Aliados de Roriz afirmam que ele vai apoiar, num primeiro momento, a candidatura própria do PMDB ao governo do DF. Dois pré-candidatos do partido - o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa e o chefe da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli - disputam a bênção do governador.

Nessa queda-de-braço, quem deverá ser o agraciado é Maurício Côrrea. Há quem diga, contudo, que o apoio de Roriz será condicionado do desempenho do ex-ministro nas pesquisas de intenção de voto. Se os números não mostrarem favoritismo, é possível que ele saia da disputa, deixando espaço para outros nomes.

- Eu me filiei ao PMDB porque tinha a perspectiva de sair candidato. Há sinais de que isso aconteça, aguarda-se apenas que ele [Roriz} torne pública essa idéia. O entendimento no grupo é que haverá consenso em função do nome que o governador optar - explicou Maurício Corrêa.

Tadeu Filippelli acha legítimo o pleito do correligionário, mas afirmou que não deixará a competição. O secretário também engrossou o coro de que o fim da regra eleitoral deu um novo fôlego ao processo, abrindo as perspectivas para um entendimento do grupo. Ele não admite, porém, que vai negociar outros cargos.

Prestes a assumir o mais alto posto do GDF, em 1º de abril, a vice-governadora Maria de Lourdes Abadia ficará nove meses no cargo e só terá chance de concorrer à reeleição. De acordo com sua assessoria de comunicação, também era favorável à derrubada da verticalização, porque a regra pressionaria o PMDB a lançar candidato e impediria Roriz de declarar apoio ao PSDB.

Constitucionalidade - O resultado da votação, no entanto, está nas mãos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte definirá se a emenda aprovada é constitucional e quando a regra entrará em vigor.

Os partidos que querem preservar a verticalização baseiam-se no artigo 16 da Constituição Federal que diz; ''a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando a eleição que ocorra até um ano de sua vigência''.

Mas há quem conteste essa versão, visto que os deputados federais aprovara, na uma emenda à Constituição e não uma lei. É o caso do ex-presidente do STF Maurício Corrêa. Para ele, em se tratando de uma norma constitucional, é exeqüível a aplicação este ano.

O ministro lembrou, ainda, que a verticalização foi instituída em 2002, a sete meses das eleições, por meio de uma interpretação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à legislativa. Na época, a decisão surpreendeu os partidos, foi contestada no STF, mas passar a vigorar no mesmo ano.