Título: Desemprego é o menor desde 1997
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2006, Brasília, p. D5

A taxa de desemprego no Distrito Federal caiu de 18,4% em novembro para 17,4% em dezembro, de acordo com dados anunciados ontem pelo GDF. Em relação à proporção de desempregados, portanto, a queda foi de 3,3%. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego do DF, entre os dois meses, a média de procura por emprego passou de 62 para 65 semanas. Em dezembro de 2004, o tempo de busca por trabalho era de 81 semanas. O número de desempregados verificado no estudo é de 218,9 mil pessoas. Com o aumento médio de 21,5% das passagens de ônibus a partir de quarta-feira, o GDF demonstrou preocupação sobre um possível aumento na taxa de desemprego.

- O aumento das passagens afetam o pagador que não teve direito ao mesmo aumento. Nossa expectativa é que isso tenha a menor influência possível na taxa de desemprego. Estou preocupado, mas não consigo prever que reflexo o reajuste terá nas demissões - revelou o secretário de Trabalho, Gim Argelo.

Apesar da preocupação, o governo comemorou a queda na taxa de desemprego.

- Essa é a taxa mais baixa desde 1997 - comemorou o secretário de Trabalho, Gim Argelo.

Apesar do contentamento demonstrado, a taxa de desemprego no DF ainda está acima de outras capitais como Belo Horizonte (15,4%), Porto Alegre (13,7) e São Paulo (16,4% em novembro, a taxa de dezembro não foi divulgada).

- A realidade dessas três cidades é diferente da de Brasília. Aqui temos uma dinâmica de crescimento favorável a uma redução da taxa de desemprego - avaliou Lilian Marques, diretora regional do Dieese.

Para o secretário, é impossível desvincular Brasília do entorno. Pelos cálculos de Gim Argelo, o desemprego no DF influencia não apenas os 2,35 milhões de habitantes do DF, mas os 3,3 milhões de pessoas que dependem da Capital Federal para viver.

População - Segundo o estudo realizado pelo Departamento Intersindical e Estatística e Estudo Sócio-Econômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade/SP), a população economicamente ativa do DF sofreu um acréscimo de 3,6% em comparação com novembro de 2004 e aumentou em 5,2 mil pessoas entre os dois últimos meses de 2005. Em um ano, a PEA ganhou 42,2 mil pessoas.

Ocupação - Da população apta a trabalhar, o número de ocupados cresceu 5,4% entre 2004 e 2005 e 1,2% entre novembro e dezembro do ano passado. Em um ano 52,2 mil postos de trabalho foram criados. O setor de indústrias de transformação apresentou o maior crescimento: 11,9% em um ano. Em seguida, aparecem a administração pública, com 8,9%, o comércio, com 6,1%, e os setores de serviços e construção civil, com 3,7 cada um.

O secretário de Trabalho aposta em um aumento da oferta de emprego graças à implantação da Cidade Digital. O projeto que amplia o Parque Nacional de Brasília e destina parte do terreno para a área tecnológica foi aprovado ontem na Câmara e aguarda apreciação no Senado. Segundo estimativa do GDF, a Cidade Digital deverá gerar cerca de 40 mil empregos e atrair duas mil empresas para a região.

Renda - Apesar do aumento na ocupação, comemorado pelo GDF, o rendimento médio mensal apresentou queda de 1,7% e passou de R$ 1.302 para R$ 1.280. Em um ano, o rendimento médio entre os ocupados caiu 2,4%. O mesmo aconteceu entre os assalariados, com queda de 2,1% na taxa. No setor privado a redução foi de 6%. Apenas a administração pública apresentou acréscimo na renda média mensal: 3,1%.

- Mesmo com a queda no rendimento, os valores registrados no DF continuam sendo os mais elevados do País - argumentou Gim Argelo.

De acordo com o secretário, a queda no rendimento médio mensal pode ser atribuída a um maior número de contratações das empresas privadas.

- Como a administração pública paga melhor e contratou menos, o rendimento médio acaba caindo - justificou Gim Argelo.