Título: Vale investirá R$ 11,8 bi em 2006
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2006, Economia & Negócios, p. A19

A aquecida demanda mundial por minério vai levar a Companhia Vale do Rio Doce a investir este ano o recorde de R$ 11,8 bilhões (US$ 4,6 bilhões). Deste total, R$ 7,818 bilhões serão destinados à implantação e execução de projetos, enquanto outros R$ 2,726 bilhões serão usados para manutenção de projetos já existentes. Os outros R$ 1,252 bi vão para pesquisa e desenvolvimento. Em 2005, a empresa investiu R$ 10,128 bi.

De acordo com o presidente da Vale, Roger Agnelli, o investimento, de mais de US$ 14 milhões por dia, é fruto do crescente apetite mundial por produtos como minério de ferro e níquel, o que ajudou a Vale a atingir o valor de mercado de US$ 53 bilhões, contra US$ 8 bilhões em 2001.

- O crescimento de valor de mercado da empresa tem tudo a ver com a situação de mercado dos últimos anos, principalmente com o efeito China, que tem provocado na indústria de mineração uma demanda extraordinária - disse Agnelli

Entre as áreas de atuação, a mineradora aportará R$ 5,402 bilhões no setor de ferrosos, R$ 2,002 bilhões em logística, R$ 1,985 bilhão em alumínio, R$ 1,051 bi em não-ferrosos, R$ 316 milhões em carvão e R$ 1,042 bi em outras áreas.

Para o minério de ferro, Agnelli revelou que as estimativas de produção para este ano são de 264,4 milhões de toneladas, contra 233,2 milhões no ano passado. Em 2007, a projeção é de que a Vale atinja 300 milhões de toneladas.

Para que o cronograma seja cumprido, estão em desenvolvimento seis projetos de expansão da capacidade de produção de minério de ferro. Este ano, Carajás, Brucutu, Itabira, Fazendão e Fábrica receberão US$ 1,837 bilhão, com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva em 82 milhões de toneladas por ano.

Mas o crescimento dos investimentos e a expectativa de que aumente a demanda mundial por produtos da Vale não foram suficientes para que o principal executivo da mineradora desse pistas sobre as negociações com as empresas siderúrgicas para o reajuste dos contratos anuais de fornecimento de minério de ferro. O mercado especula que a alta deve ficar entre 10% e 20%, contra os 71,5% de 2005.

- As negociações ainda estão na fase das conversações. Mas a lei da oferta e demanda deve prevalecer e a demanda hoje ainda é maior que a capacidade de expansão da oferta de minério de ferro - limitou-se a comentar Agnelli.

Ainda ontem, a Vale anunciou que pretende destinar US$ 1,3 bilhão este ano para o pagamento de dividendos aos acionistas. Serão duas parcelas iguais, uma a ser paga em 28 de abril e a segunda em 31 de outubro. Agnelli ressaltou que, entre 2001 e 2005, a Vale gerou retorno total em dólar de 41,7% aos seus acionistas, levando em conta a valorização das ações e os dividendos pagos, contra 30,6% da BHP Billiton, 26,3% da Newmont, 24,2% da Anglo e 23,7% da Rio Tinto.