Título: Projeto Hip Hop Pró Ativo mobiliza jovens
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 29/01/2006, Brasília, p. D8

Um novo projeto está agitando a comunidade de Brazlândia. É o Hip Hop Pró Ativo, criado pelo Instituto de Pesquisa e Ação Comunitária (Ipac) e que começou a funcionar no dia 16. O projeto utiliza os quatro elementos da cultura hip hop - break, grafite, rap e DJ - para manter crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade longe das ruas e das drogas. O projeto é realizado às segundas, quartas e sextas, das 8h às 12h e das 14h às 18h, no Setor Tradicional, área especial 7, em Brazlândia. Às segundas e sextas-feiras, os jovens participam das oficinas para aprender a dançar, pintar, cantar e mixar ao estilo hip hop. Às quartas-feiras são realizadas palestras com temas que abordam as dificuldades da comunidade e com artistas que já estão inseridos na cultura hip hop.

As oficinas têm o apoio do Conselho Tutelar de Brazlândia. O idealizador do projeto, Ramon Barros, 21 anos, era um menor em conflito com a lei e acabou se tornando um agente social. Ele já gostava de rap e quando estava em liberdade assistida, conheceu o hip hop.

- Fiz o curso de agente social e sai com a idéia de formar um projeto para levar o hip hop para a comunidade. Queremos formar lideranças e fazer com que os jovens se sintam protagonistas de sua própria mudança - afirma Ramon.

Para levar o projeto adiante, Ramon se uniu a outros 14 jovens para formar a organização não governamental Ipac. Em duas semanas de oficinas, mais de 100 jovens se inscreveram no projeto.

A estudante Índila Petra Leite, 15 anos, mora, estuda e trabalha em Brazlândia. Ela fazia parte de um grupo de hip hop, mas eles não tinham um local para treinar. Com a formação do projeto, o grupo ganhou um espaço para manter o contato com o hip hop.

- Meu pai já dançou e eu comecei desde pequena. O hip hop ajuda muito os jovens. Tira eles da rua, das drogas. Quem se envolve com o hip hop deixa tudo de lado - garante a jovem.

David Francisco, 30 anos, encontrou no hip hop um meio de sobrevivência. Ele trabalha como DJ há 15 anos, faz festas em todo o DF e é conhecido como DJ OJ. O dinheiro da música é suficiente para alimentar a esposa e os dois filhos. O mais velho, Lucas, de cinco anos, já começa a trilhar os passos do pai e vai com ele para as oficinas ajudar no som.

- Conheci o hip hop quando tinha cerca de nove anos. Em casa eu ouvia rock, por causa dos meus pais, e meus amigos me mostraram uma música diferente. Além de servir como instrumento de trabalho e socialização, o hip hop tem um papel social importante, pois ajuda a tirar as pessoas da rua - garante David Francisco.

Para fazer a mixagem, ele utiliza um toca-discos com agulha especial, para evitar os arranhões no LP. O fone ajuda a procurar a música em um disco enquanto o outro está tocando e o mixer garante a transferência do som de um disco para o outro.

- Muita gente acha que o hio hop é coisa de malandro, mas é o contrário. O caminho que se costuma seguir é o inverso. Já conheci muita gente que parou de consumir drogas para se dedicar à cultura hip hop - garante o estudante Klésio Moreira, 15 anos, participante da oficina.