Título: Dólar estréia no viva-voz
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2006, Economia & Negócios, p. A20

Moeda fecha em alta no primeiro dia de pregão na BMF. Bovespa sobe 0,27%

SÃO PAULO - Com uma chuva de papel impresso simbolizando dólares, estreou ontem na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) o pregão viva-voz para negociação de dólares no mercado à vista. A expectativa é de que os negócios, puxados pelo Banco Central e as instituições bancárias, dobrem para R$ 3 bilhões no período de um ano. Ontem, a moeda americana, que vinha em queda há cinco dias, fechou em alta de 0,36%, a R$ 2,223 - segundo o mercado, num ajuste em relação à queda de 4% em janeiro.

No início dos negócios, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Rodrigo Azevedo, disse que ''o preço formado na roda (pregão) funcionará como referência para os demais mercados de câmbio do Brasil''.

- Além disso, deve contribuir para a redução do spread (diferença entre a taxa de compra e de venda da moeda pelas instituições) do mercado - afirmou, durante a cerimônia na BM&F. - A ação ajuda a modernizar o mercado de câmbio.

Tanto Azevedo quanto o presidente da BM&F, Manoel Félix Cintra Neto, apostam em alta de 100% no volume negociado no mercado interbancário. Eles também acreditam que a negociação do câmbio no pregão dará maior transparência a respeito da formação da cotação - já que, atualmente, os negócios são fechados entre as instituições e a cotação final, calculada pelo Banco Central.

- Trazendo tudo para um único ambiente, teremos mais liquidez, mais transparência para a formação de preços, o que tende a se traduzir em custos menores nas transações. Isso beneficia os participantes do mercado e também os clientes finais - diz Azevedo.

Durante o pregão, a moeda americana oscilou entre a máxima de R$ 2,228 e a mínima de R$ 2,213. Para José Roberto Carreira, da Novação Corretora, a liquidez nas operações do pregão de dólar é imprescindível para a consolidação e manutenção deste mercado para todos os operadores e corretoras habilitados a trabalhar.

- O modelo viva-voz é confiável para estabelecer as cotações e os negócios.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 0,27%, atingindo novo recorde, aos 38,484 pontos. Ao longo do dia, porém, os negócios chegaram a cair 1,29%. O movimento de queda que se inverte no fechamento tem se repetido nos últimos dias.

- É uma realização de lucros que está sendo absorvida diariamente pela entrada de dinheiro novo no mercado - avalia Álvaro Bandeira, da corretora Ágora Senior. - A tendência é positiva para a Bolsa. Nos próximos dois ou três dias, vai tentar buscar mais uns 800 pontos.

Os papéis preferencial e ordinário da TIM Participações foram os mais negociados, com queda de 4,71% e 3,38%, respectivamente. Segundo analistas, o desempenho se deve à apresentação da proposta de incorporação da TIM Celular pela empresa, considerada ruim no estabelecimento das normas de troca entre as ações.