Título: Críticas até na ala moderada do PT
Autor: Marcelo Kischinhevsky
Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2004, Economia & Negócios, p. A-17

A demissão do presidente do BNDES provocou repercussões políticas no eixo Rio-Brasília. A governadora do Rio de Janeiro, Rosângela Matheus, lamentou a notícia. ''O professor Carlos Lessa é uma das mais brilhantes cabeças pensantes do Brasil e conhecedor profundo das grandes necessidades do estado e do país'', disse, por meio de nota.

No Congresso, a saída de Lessa causou um furacão. A esquerda petista revezava-se na tribuna para criticar o governo. Petistas moderados, como o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) lamentaram a decisão. A oposição bateu na tecla de que todo governo, por mais anárquico que seja, precisa de disciplina.

- Desse jeito, o governo Lula não vai dar certo. Fizemos um abaixo-assinado, com empresários, intelectuais, integrantes de movimentos sociais. E o governo foi insensível - lamentou o deputado Chico Alencar (PT-RJ).

Estava previsto para hoje um ato de apoio a Lessa, em frente a sede do BNDES no Rio. Virou ato de desagravo. Um petista, desolado, caminhando calado pelo corredor das lideranças da Câmara, acredita que a saída do presidente do BNDES abre uma crise estrutural no Executivo.

- O Lessa era o contraponto à política ortodoxa do Meirelles (presidente do BC). O governo está manco - definiu.

O presidente do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou esperar que a demissão leve a sociedade e o governo Lula ''a debater sobre a necessidade de um projeto para o Brasil''.