Título: Quando a dor pessoal vira estímulo
Autor: Florença Mazza e Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2006, Rio, p. A12

A médica Rose Souza, 53 anos, esforçou-se muito para conseguir se formar na profissão que escolheu. Os estudos foram difíceis: pela manhã, ela cursava a faculdade, durante a noite, trabalhava como babá em Ipanema. Emocionada, Rose lembra que os livreiros emprestavam o material que precisava para estudar. O primeiro livro que comprou foi no quinto período de medicina. As dificuldades pessoais da médica a levaram a querer ajudar outras pessoas. Ela tornou-se voluntária ainda na faculdade. - Sempre fui apaixonada por pessoas e queria estar perto delas, ajudando como podia - conta a médica.

Clínica geral e sanitarista, a médica conta que chegou a se mudar para a Baixada Fluminense. Ela queria sentir de perto os problemas da população. O seu trabalho era de educação em saúde, ou seja, ela ensinava como as pessoas poderiam prevenir as doenças.

- A minha opção de morar na Baixada me fez ver como era a vida das pessoas que viviam sem saneamento - lembra Rose.

A educação em saúde para pessoas carentes era feita através de agentes, também voluntários.

- Os agentes comunitários falavam sobre hábitos de alimentação e davam outras orientações de saúde - comenta a médica.

Rose, que também é acupunturista, passa seus conhecimentos da medicina tradicional chinesa para pessoas carentes que moram no município de Mesquita. Segundo ela, durante o ano 2000, pelo projeto da medicina chinesa, 100 pessoas foram acompanhadas e receberam tratamento de graça na Baixada Fluminense. Hoje, a médica continua trabalhando com a educação dos pacientes carentes. A cada dois meses, num terreno cedido pela Prefeitura de Mesquita, ela segue com alunos - também voluntários - para palestras sobre saúde naquele município.

- Me sinto muito mais feliz por poder ajudar outras pessoas - atesta Rose.