Título: Heróis da resistência
Autor: Florença Mazza e Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2006, Rio, p. A12

Ao falar da medicina, o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, cita Júlio Sanderson, autor do livro `Heróis de Curar¿: ¿O médico é sempre esperado, chega no leito, na mesa clínica, na calçada, na rua, na estrada, no afogamento, no furacão, na tormenta, no campo de batalha, na prisão, no esconderijo, no ostracismo, na fuga, em Hiroshima. O que chega, na realidade, é a solidariedade que o médico representa¿. É a obsessão pela cura e por salvar vidas que leva os estudantes às faculdades de medicina. Mas a realidade nas unidades públicas de saúde revela-se bem diferente ao sonho estudantil, como mostrou o JB nos últimos dias. Baixos salários, falta de condições de atendimento, superlotação nas emergências e até mesmo a escolha por qual vida salvar são obstáculos encontrados pelos homens de branco.

Desilusão para muitos, as adversidades do ofício médico levam outros tantos ao voluntariado. É no trabalho solidário, atendendo gratuitamente nos consultórios ou em comunidades carentes, que estes profissionais encontram a realização profissional. E cumprem o juramento de Hipócrates:

¿ Estender a mão com dignidade a quem não pode pagar uma consulta é a verdadeira medicina ¿ avalia Luciel Benevides Pereira, 51 anos, especialista em ortopedia e traumatologia, que percorre 70 quilômetros até Seropédica duas vezes por semana para atender gratuitamente.