Título: Com voto de petista, Conselho aprova cassação
Autor: Hugo Marques e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2006, País, p. A2

BRASÍLIA - A defesa do deputado Pedro Corrêa (PP-PE) tentou, mas não conseguiu convencer os membros do Conselho de Ética a absolver o parlamentar pernambucano. É mais um presidente de partido ameaçado de perder o mandato por denúncias do mensalão. Ontem, por 11 votos a três, a comissão aprovou o parecer do relator Carlos Sampaio (PSDB-SP), que pede a cassação de Corrêa por ser beneficiário de R$ 700 mil das contas de Marcos Valério. Os únicos que votaram contra foram os deputados Benedito de Lira (PP-AL), Sandes Júnior (PP-GO) e José Carlos Araújo (PL-BA). Revoltado com a decisão, que considerou fruto de uma vontade do conselho de condenar todos os representados sem qualquer ''comprovação lógica'', Corrêa agora vai estudar se deve ou não recorrer da recomendação na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ). - Deixaram claro que não recebi, nem fiquei com o dinheiro. Mesmo assim votaram pela minha cassação. Fui condenado porque sou presidente do meu partido - afirmou ao deixar a sala de reuniões do conselho. - Só no plenário vou ter votos livres, e não de homens policiados - avaliou.

A confiança de Corrêa no plenário, porém, já não é tão grande como a alguns meses. Mesmo com o empenho de seus pares, que trabalham para buscar votos individuais, ontem Corrêa pôde sentir o peso do próximo julgamento que vai enfrentar. Depois de se posicionar contrariamente a cassação de outros parlamentares que figuravam na lista dos beneficiários do valerioduto, ontem a petista Ângela Guadagnin (PT-SP) votou pela cassação de Corrêa.

- Meu voto foi coerente, só não vou explicá-lo a ninguém - respondeu com rispidez.

Além disso, no plenário, pesaria contra Corrêa as acusações de seu envolvimento com a máfia dos combustíveis e de contrabando de cigarros.