Título: Deputados ouvem Palocci mais cedo para ir a festa
Autor: Daniel Pereira e Fernando Exman
Fonte: Jornal do Brasil, 26/01/2006, País, p. A2

A comemoração, à tarde, do aniversário do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) foi um dos motivos determinantes para que fosse confirmado para a manhã de hoje o depoimento, na condição de convidado, do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, à CPI dos Bingos. ACM Neto vai oferecer uma festa à bancada baiana e a líderes do partido em um hotel em Salvador. A previsão é de que a sessão seja realizada entre 10 horas e 14 horas, quando o ministro planeja deixar o Senado para participar da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Ontem, Palocci pediu mais uma vez que o depoimento começasse apenas no fim da tarde. Perdeu a queda-de-braço para os senadores Efraim Morais (PFL-PB), presidente da comissão, e para Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).

De acordo com eles, se o depoimento fosse realizado no fim da tarde, líderes da oposição não poderiam participar. A sessão ficaria esvaziada. Por motivos pessoais, pesos pesados do PSDB, como o presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), não comparecerão à capital baiana.

¿ Um depoimento às cinco horas da tarde não teria eco. O evento de meu neto é secundário. Se fosse preciso, ficaria na CPI até o anoitecer ¿ explicou o senador Antonio Carlos Magalhães.

Segundo líderes do PSDB e do PFL, Palocci será inquirido de forma dura. Mas não há intenção de constrangê-lo a ponto de tornar insustentável a permanência no Ministério da Fazenda. O objetivo principal da oposição é captar imagens do comandante da política econômica em situação desconfortável e usá-las na campanha eleitoral.

¿ O clima é de tranquilidade. O ministro quer encerrar essa novela e tocar a vida ¿ afirmou o senador Tião Viana (PT-AC).

Ficou acertado que o depoimento será realizado hoje porque Palocci informou ao senador Efraim Morais que na semana que vem estará no exterior. Oposição e governo consideraram melhor realizar logo a inquirição para evitar que discussões sobre o tema se prolonguem. No ano passado, Palocci pediu aos integrantes da CPI para que não fosse convocado. Em troca, o ministro compareceria espontaneamente. O presidente da CPI ameaçou ao longo dos últimos dias colocar em votação o requerimento de convocação de Palocci caso o ministro não agendasse uma data para comparecer à comissão.

¿ Está cumprido o que foi combinado ¿ afirmou Morais.

No depoimento à CPI , Palocci terá de rebater, entre outros, as acusações de que recebia propina mensal de R$ 50 mil da empresa Leão Leão quando era prefeito de Ribeirão Preto e de ter participado de operações irregulares destinadas a levantar recursos para campanhas do PT em 2002.